Ritmo de contração da indústria
do Brasil diminui em julho; preços caem, mostra PMI
A demanda fraca continuou a
pressionar o setor industrial brasileiro em julho, mas o ritmo de contração
perdeu força no mês em meio a quedas tanto nos preços de insumos quanto
cobrados, apontou nesta terça-feira (1º) a pesquisa Índice de Gerentes de
Compras (PMI, na sigla em inglês).
Em julho, o PMI da indústria do
Brasil apurado pela S&P Global ficou em 47,8, de 46,6 em junho. O resultado
mostra que o setor segue em território de contração ao ficar abaixo da marca de
50 pelo nono mês seguido.
Mas o aumento para o nível mais alto em cinco meses
mostra que o ritmo de retração perdeu força.
"A fraqueza prolongada da
demanda, que restringiu as encomendas e a produção da indústria nos últimos
meses, aponta para uma contribuição mais fraca do setor para o PIB do segundo
trimestre de 2023 e no terceiro trimestre até agora", alertou a diretora
associada de economia da S&P Global Market Intelligence, Pollyanna De Lima.
Condições econômicas
desafiadoras e o apetite do consumidor ainda fraco pressionaram as encomendas à
indústria em julho, com as vendas recuando pelo décimo mês seguido, porém no
ritmo mais lento desde fevereiro.
Os produtores sinalizaram nova
queda nas encomendas por exportação, o que vem acontecendo desde março de 2022,
diante de demanda mais fraca de clientes da América Latina, com Argentina e
Colômbia em particular.
Com o recuo das novas encomendas
no início do terceiro trimestre, os produtores reduziram os volumes de produção
pela nona vez, o que provocou nova rodada de cortes de empregos no setor.
No entanto, a demanda global
reprimida por matéria-prima e uma falta de pressão sobre a cadeia de oferta
garantiu a redução nos custos de insumo mais forte nos 17 anos e meio da série
histórica.
Diante da redução de custos e
buscando iniciativas para aumentar as vendas, as empresas reduziram os preços
cobrados no ritmo mais forte desde junho de 2009.
Apesar do cenário adverso
persistente, os produtores estavam em julho mais otimistas em relação às
perspectivas de crescimento.
Projeções de que a inflação
contida abrirá espaço para cortes na taxa de juros foram determinantes para a
avaliação positiva, embora também tenham sido mencionados outros pontos como
expansão das fábricas e diversificação dos produtos.
O Banco Central se reúne nesta
terça e quarta-feiras para decidir sobre a política monetária, com ampla
expectativa de que inicie um afrouxamento monetário. A taxa básica de juros
Selic está atualmente em 13,75%.
"Considerando a situação do
setor industrial, a queda recorde nos custos de insumo e o recuo mais forte nos
(preços) cobrados desde 2009, o Banco Central pode acelerar sua decisão de
cortar os juros", disse De Lima.
"Cortes na taxa básica
podem estimular os gastos das famílias e o investimento das empresas,
sustentando a economia e potencialmente tirando a indústria de seu atual
mal-estar", completou.
REUTERS