Se
a série de mudanças e afrouxamentos das regras da proposta inicial da reforma
da Previdência anunciada nos últimos dias for adiante, analistas acreditam que,
em breve, o país precisará fazer uma reforma da reforma, já que o corte de
gastos pensado inicialmente deve perder parte de sua capacidade. Para o
economista especialista em previdência da USP Luis Eduardo Afonso, o próximo
presidente, eleito em 2018, já terá a missão de unificar as regras do sistema,
de forma a não haver distinção entre as categorias:
—
Servidores públicos e privados não podem ter formas de acesso diferentes ao
benefício. As regras têm de ser universalizadas.
Para
Luis Henrique da Silva de Paiva, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), há um peso forte das eleições de 2018 nas concessões que estão
sendo feitas. Em sua opinião, com uma economia de gastos bem menor do que o
projetado anteriormente, uma nova reforma será necessária em até oito anos:
—
Creio que alguma melhora ainda vá ocorrer, mas será menor. Inicialmente, o
governo falava em uma economia de R$ 800 bilhões em dez anos. Depois, com as
modificações propostas, essa economia seria reduzida em R$ 150 bilhões. Com
essa nova regra de transição, deve cair mais um pouco. Em longo prazo, as
despesas vão continuar subindo mais do que o previsto na proposta inicial. Com
isso, em até oito anos será necessário discutir uma nova reforma.
O
economista do Ipea acredita que mudanças na Previdência devem ser feitas sempre
no primeiro ano de mandato:
— O ideal é que se supere o tema de uma vez só. Nas reformas de 1995 a
1998, feitas pelo Fernando Henrique Cardoso, e na de 2003, do governo Lula,
ocorreram suavizações, e hoje estamos aqui discutindo mudanças novamente.
G1