CRISE ENERGÉTICA


Governo descarta retorno do horário de verão.

Após pressão e novos estudos, ministro diz que programa não garante economia de energia.

Após semanas de pressão e novos estudos, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, descartou nesta quinta-feira (30) a retomada do horário de verão, programa extinto em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"O horário de verão não se faz necessário no que diz respeito à economia de energia", disse o ministro, em entrevista após inauguração de térmica em São João da Barra (RJ), a 320 quilômetros do Rio de Janeiro. 

"[O programa] não foi renovado em 2019 e permanece da forma como está."

O governo vinha recebendo pressões de setores da economia pela retomada do horário de verão como medida para aliviar a pressão sobre os reservatórios das hidrelétricas durante o pior período da crise hídrica, enquanto as chuvas de verão não chegam.

Setores como o de turismo, serviços e shoppings centers veem também no programa uma maneira de melhorar os negócios com uma hora a mais de claridade durante o dia.

Pesquisa Datafolha divulgada na semana passada mostrou que mais da metade dos brasileiros é a favor da volta do horário de verão: segundo o instituto, 55% apoiam a iniciativa, que é rejeitada por 38%. 

Os demais são indiferentes ou não souberam responder.

Diante da crise hídrica, o governo chegou a pedir ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) novos estudos sobre a eficácia do programa, que concluiu que o retorno do programa não traria impactos no enfrentamento da crise energética.

Os resultados do estudo são semelhantes àqueles que justificaram o fim do horário de verão: com a popularização dos aparelhos de ar condicionado, o pico do consumo foi deslocado para o início da tarde, quando faz mais calor.

Por isso, não há mais grande economia em retardar o pôr-do-sol. 

Antes da mudança do perfil de consumo residencial, o pico ocorria no início da noite, quando empresas e indústrias ainda funcionavam e mais pessoas estavam em casa utilizando eletrodomésticos.

 



FOLHA DE SÃO PAULO
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