Erro em dados da B3 inflou em 42% volume de fluxo
de estrangeiro na Bolsa em 2022.
Indicador é visto
como um dos principais motivos para o bom desempenho do Ibovespa neste ano.
A B3 anunciou
nesta sexta-feira (1°) uma revisão metodológica nos dados do segmento de renda
variável que faz com que o saldo de capital estrangeiro entrante na Bolsa brasileira
em 2022 caia cerca de R$ 27 bilhões.
Luís Kondic,
diretor de produtos e dados da B3, explicou em entrevista a jornalistas que a
empresa descobriu um erro relacionado à inclusão equivocada de dados de
empréstimos de ação.
A B3 está agora em processo de revisão dos números de 2020
e 2021, já que a parte referente a 2022 já foi finalizada.
Desde outubro de
2020, dados de negociação por categoria de investidor (institucional,
estrangeiro, pessoa física) divulgados pela B3 incluíam operações de empréstimo
de ações em tela (que passou a ser oferecido naquele mês).
"Esse tipo de
operação não deveria estar sendo computada", já que não tem fluxo
financeiro, disse Kondic.
Os empréstimos em
tela representam cerca de 30% do fluxo total de empréstimos de ações na B3,
segundo a empresa.
Para 2022, o saldo
do fluxo de capital estrangeiro na bolsa, que era de R$ 91,1 bilhões até 30 de
março, passa a ser agora de R$ 64,1 bilhões, queda de 29,6%.
A revisão do
restante dos números não tem data para ser concluída e não há impacto nos dados
financeiros e contábeis da B3, disse Kondic.
A entrada de fluxo
estrangeiro no mercado de capitais brasileiro é vista como um dos principais
motivos para o bom desempenho do Ibovespa em 2022.
Questionado se a revisão muda a leitura sobre a performance da bolsa brasileira
este ano, Kondic disse que a B3 apenas identificou o erro e que a leitura e
avaliação do cenário macro "fica por conta dos analistas".
Os erros
identificados pela B3, anunciados em 1º de abril, foram reproduzidos em textos
anteriores da Folha que mencionavam saldos de investimento
estrangeiro em ações na Bolsa brasileira.
O jornal está revisando essas
reportagens e fazendo as retificações necessárias.
FOLHA DE SÃO PAULO