O mundo
está cada vez mais conectado. O avanço da tecnologia acontece em ritmo
acelerado, interligando pessoas, empresas e países.
Convenhamos, a tecnologia
trouxe situações nunca vivenciadas.
Empresas colocam seus produtos e serviços
de forma praticamente instantânea, em qualquer lugar, além das fronteiras.
A
cada momento, novos produtos e serviços surgem, alterando a forma com que as
empresas criam e suprem as necessidades criadas pelo consumidor.
Esse novo
tempo em que emerge a Era Digital – Era da informação, da novidade, da
velocidade e do imensurável – contribuiu para a deterioração de muitas
empresas, bem como para o sucesso e para criação de muitos outros
empreendimentos.
De fato, o mundo passa por uma onda disruptiva sem precedente.
Nesse
movimento de transformações e acessibilidade, em que se viu crescer
sobremaneira o volume de comércio internacional, ocorreu um aumento
significativo na geração e na circulação de dados e informações.
Ao se referir
ao ofício do profissional da contabilidade, os dados são e sempre serão sua
matéria-prima – o ativo mais valioso.
Sua transformação em informações sempre
foi e continuará sendo o principal objetivo do nosso trabalho.
São infindáveis
informações para processar a cada dia, que se constituem em um grande desafio
para cada um de nós que compõe essa magnífica área das contas – desafio que
consiste em dispor do conhecimento necessário para bem tratar os dados,
traduzindo-os em informações úteis e indispensáveis para seus usuários.
A
tecnologia está transformando a contabilidade e as finanças, principalmente no
tocante à área de dados.
Hoje, as organizações contábeis têm mais dados do que
nunca, graças à eficiência dos processadores de computadores cada vez mais
modernos, a conectividade crescente e sem barreiras e a enorme capacidade de
armazenamento em nuvem a custos cada vez mais acessíveis.
Em
decorrência desse grande volume e da variedade de dados, é comum que os setores
de Contabilidade das empresas sintam-se, de certa forma, assoberbados.
Uma
pesquisa recente, conduzida por uma das empresas de auditoria Big Four,
mostrou que metade dos entrevistados notou que suas equipes passam mais tempo
coletando, validando e processando os dados do que conduzindo análises e
produzindo relatórios com informações relevantes a partir deles.
Esse é um
exemplo clássico de uma situação indesejada e pouco produtiva que pode ser
modificada com a automação de certos processos.
A
utilização da automação de processos robóticos (RPA, na sigla em inglês) pode
gerar novos níveis de eficiência.
A padronização dos processos com base em
programas que repetem o processo rotineiro de um ser humano permite um ganho de
eficiência em escala nunca antes vista.
Os softwares oferecem muitas
vantagens para otimizar processos e facilitar tarefas diárias, o que traz
ganhos quanto ao tempo que é poupado e pode ser utilizado em outras atividades,
potencializando os resultados.
Algumas
organizações contábeis e de auditoria estão explorando, de forma cada vez mais
intensa, a conversão de imagens e dados desagregados em informações, que podem
ser “lidas” por programas que geram relatórios úteis, com análises de exceções
e tendências, que podem ser valiosas para tomadas de decisão de forma mais
segura, rápida e efetiva.
Empresas
de contabilidade têm conseguido padronizar a entrada de dados e imagens de
documentos a ponto de processar e compilar, rapidamente, milhares de
informações, imagens e dados em relatórios contábeis preparados dentro de uma
estrutura conceitual aceitável, atendendo a milhares de clientes de pequeno
porte ao mesmo tempo, com custos reduzidos.
Nesse ritmo, para que o atendimento
chegue a clientes de portes maiores, parece ser uma questão de tempo.
Essas
empresas de contabilidade e auditoria estão explorando novas fronteiras de
automação – a Automação Inteligente –, que combina RPA com Inteligência
Artificial (IA).
Essas tecnologias “aprendem” com o tempo e com o processamento
de mais dados. Mais dados correspondem a mais inteligência.
Os programas que
analisam contratos simples de arrendamento mercantil são um exemplo disso.
Atualmente, esses programas chegam a revisar 75% do conteúdo desses contratos.
À medida que essas ferramentas vão sendo aprimoradas, elas passam a gerenciar e
a analisar contratos mais complexos e de forma mais completa.
A
tecnologia veio para ficar. Veio para se aliar às tarefas do profissional da
contabilidade.
A automação tornou-se crucial para que os escritórios de contabilidade
e suas equipes, imersas em tantos dados, possam dispor do tempo necessário para
desenvolver ideias e relatórios que aumentem a transparência e a confiança na
informação fornecida.
Com esses relatórios mais “inteligentes”, os gestores
podem identificar padrões e tendências advindas do grande volume de dados e,
com isso, melhorar os resultados futuros de seus clientes.
Sem dúvida, a
inteligência artificial terá um impacto significativo na geração de resultados
futuros.
A tecnologia seguirá permitindo que os investidores analisem as
informações corporativas de maneiras anteriormente impensáveis.
Nesse
contexto, vale mencionar a blockchain (também conhecida como “o
protocolo da confiança”) e seus impactos em curto prazo.
Essa tecnologia
registra transações utilizando uma razão geral de acesso irrestrito aos
envolvidos.
Ademais, ela oferece a todos os participantes da rede uma trilha de
auditoria segura de todas as transações realizadas, quase que em tempo real.
Alguns especialistas esperam que essa tecnologia se torne o padrão do setor
para a geração de relatórios contábeis, substituindo as formas atuais de
relatórios prospectivos.
O grande
avanço nesse processo é que todos os lançamentos nesse sistema serão revestidos
de toda formalidade, conferíveis e validados pelas partes, conquistando assim
maior veracidade e confiança. Líderes do setor acreditam que essa será a
tecnologia dominante nos próximos cinco anos.
Todavia, para que isso avance
conforme previsto, reguladores precisam entrar em acordo e implementar o
ambiente regulatório necessário, com todas as suas especificidades.
Assim como
a blockchain, muitas outras tecnologias vêm ganhando destaque e já fazem
parte do nosso vocabulário.
Não é difícil termos contato, em alguma situação do
dia a dia, com termos como machine learning, cloud computing,
computação quântica, coisas autônomas (como robôs, drones e veículos
autônomos), augmented analytics, entre outros.
Certamente, é uma
trajetória sem volta em que muitos benefícios vão sendo gerados. Não obstante,
muitas questões delicadas também se tornam efeitos desses avanços.
Enquanto
vivenciamos o uso cada vez mais intenso dos dados, outros importantes dilemas
permanecem em vigoroso debate.
Questões associadas à segurança e à ética são
temas indissociáveis quando se trata da tecnologia e seus avanços lépidos.
Muito embora essas questões não sejam o foco desse artigo, é preciso enfatizar
que elas são tão ou mais importantes do que o uso adequado dessas tecnologias.
Percorrendo
esse panorama, uma ideia é evidenciada: com a tecnologia como aliada, podemos
alterar a forma com que fazemos os nossos negócios, gerando mais valor para a
sociedade e para nossos clientes.
Ela permite um melhor aproveitamento do
capital humano, o aumento da competitividade e do controle de qualidade e um
atendimento personalizado e satisfatório.
Ela contribui, decisivamente, para
que façamos mais e sejamos mais, cumprindo mais tarefas com menos esforço e
menos tempo, sendo mais eficientes, mais produtivos e mais precisos.
Vivemos um
momento único. Estamos na Era da Informação – a Era da criatividade, das
conexões, da atualização e do aprimoramento. Que ela seja bem-vinda!
Idésio Coelho da Silva Jr., Vice-Presidente Técnico do CFC