Entre 2014 e 2017,
busca por atendimentos avançou 54%; afastamentos já têm alta de 12% no ano
A crise econômica e o uso intenso de tecnologia
contribuíram para uma explosão de doenças de saúde mental no Brasil, elevando o
peso da ansiedade e do estresse entre as causas de afastamentos do trabalho e pressionando
os gastos dos planos de saúde e da Previdência Social.
Dados de relatórios anuais da ANS (Agência Nacional
de Saúde Suplementar) compilados pela Folha revelam que o número de
consultas psiquiátricas cobertas pelos planos saltou de 2,9 milhões em 2012
para 4,5 milhões em 2017. O aumento de 54% é o quíntuplo dos 10% registrados no
mesmo período pelas consultas ambulatoriais de forma geral.
“O mercado de trabalho está em mutação. Metas
associadas a desempenho se tornaram mais comuns, e as plataformas digitais
permitem acesso quase ilimitado aos funcionários”, diz Benedito Brunca,
subsecretário-geral de Previdência Social.
Segundo ele, o problema é que a busca por maior
produtividade tem gerado efeitos colaterais negativos.
O crescimento no número de afastamentos de
profissionais avaliados como psicologicamente incapazes de se manter na ativa,
pelos critérios do sistema público, também chama a atenção.
Nos primeiros nove meses deste ano, o INSS concedeu
8.015 licenças para o tratamento de transtornos mentais e comportamentais
adquiridos no ambiente de trabalho —alta de 12% em relação ao mesmo período de
2017.
O conjunto de males que inclui depressão e ansiedade
saltou de 4,8% do total de novas aprovações desses benefícios —auxílios-doença
acidentários— nos primeiros três trimestres do ano passado para 5,2% no mesmo
período de 2018.
FOLHA DE SÃO PAULO