O
governador licenciado do Rio, Luiz Fernando Pezão, vai amanhã a Brasília para
discutir com governadores de outros estados mudanças no sistema de previdência
dos servidores. A proposta será apresentada ao governo federal. A medida é uma
tentativa de aliviar a crise nas unidades da federação. A principal sugestão é
a criação de um fundo para o pagamento de aposentados e pensionistas, além de
aumentar a contribuição de ativos e inativos de 11% para 14%.
O
economista Raul Velloso, consultor do fórum nacional que está auxiliando o
grupo de governadores, disse que outra proposta é fazer com que o Poder
Judiciário, o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Defensoria Pública
assumam o pagamento de seus aposentados e pensionistas. Os gastos com inativos
da Educação e da Saúde também seriam computados como despesas das áreas, que
têm garantidos percentuais mínimos do orçamento de acordo com a Constituição
Federal.
Outra
medida que consta da proposta dos governadores é a captação de recursos para o
fundo por meio da venda ou do aluguel de prédios públicos. A reforma incluiria
ainda a antecipação de recebíveis, ou seja, a União poderia adiantar aos
estados valores que eles têm a receber ao longo do ano, com a garantia de que a
dívida será quitada posteriormente quando os valores entrarem no caixa.
De acordo
com Pezão, caso não haja mudanças na previdência, os estados não terão dinheiro
para pagar aos aposentados. Atualmente, o Rio tem um déficit previdenciário que
chegará à casa dos R$ 12 bilhões este ano. Segundo o governo, de 2007 a 2016, a
folha cresceu mais de 200%.
— O
modelo (da previdência) está errado. Se não for corrigido, vai quebrar por
completo. A legislação é basicamente federal. Este é o momento de corrigir o
sistema. As despesas previdenciárias são o grande problema hoje dos estados e
da União. A reforma é fundamental para o futuro dos estados e do país — afirmou
o governador licenciado. — Temos de arranjar uma forma de obter recursos para
compor esse fundo. Não dá mais para esperar.
Em
entrevista nos Estados Unidos, anteontem, o ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, afirmou que a aceitação ou não do projeto dos estados está
condicionada a uma melhora na economia.
— A
Secretaria da Previdência do Ministério da Fazenda está dando toda a
assistência técnica aos estados, em todas as questões envolvendo as
previdências estaduais, inclusive essa. Tudo o que for para reforçar a situação
financeira dos estados, melhor. Agora, de novo, tudo isso está condicionado a
uma melhora da atividade econômica, ao país voltar a crescer, gerar renda. Isso
vai levantar a arrecadação dos municípios, dos estados e do governo federal,
além de toda a população — disse o ministro.
Em meio à
crise — que, segundo a administração estadual, foi bastante agravada pela queda
de arrecadação com os royalties do petróleo —, o governo planeja uma série de
medidas austeras, que devem ser anunciada nas próximas semanas. Fontes ligadas
ao Palácio Guanabara afirmam que, entre as estratégias, está a redução do
subsídio destinado ao Bilhete Único. A queda no aporte destinado às empresas de
transporte, possivelmente, refletirá no bolso do usuário, com o aumento do
valor da tarifa.
Conforme O GLOBO revelou na edição de sábado, o estado
pretende implementar um programa de demissão voluntária. Para enxugar a máquina
pública e reduzir os gastos com o funcionalismo, a administração também
anunciou que vai fundir secretarias e cortar cargos comissionados. A pasta de
Ciência e Tecnologia, por exemplo, seria integrada à Secretaria de Educação. Há
a opção de unir a secretaria de Habitação à pasta do Meio Ambiente. Esporte e
Lazer também se juntariam com a secretaria de Turismo.
O Globo