SAÚDE MENTAL


Morar em bairros com áreas verdes na meia-idade pode retardar declínio cognitivo.

Pesquisa acompanhou participantes durante anos e monitorou a vegetação perto de suas casas por satélites

Um estudo liderado por uma pesquisadora da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, nos EUA, mostrou que viver perto de áreas verdes, como parques e espaços com muitas árvores, durante a meia-idade —entre os 40 e os 60 anos— pode ajudar a retardar o declínio cognitivo na velhice. 

A pesquisa foi publicada na semana passada na revista Environmental Health Perspective.

O atraso do declínio cognitivo foi observado principalmente entre pessoas que vivem em bairros mais pobres e densamente povoados, bem como entre aqueles que possuem o gene apoe (apolipoproteína E), que está associado a um maior risco para doença de Alzheimer.

"Nossos resultados são importantes porque lançam luz sobre os benefícios para a mente que o aumento à exposição natureza traz em nível populacional, especialmente entre subgrupos vulneráveis da população, como portadores do gene apoe", afirmou a autora principal do estudo, Marcia Pescador Jimenez, à publicação.

A equipe liderada por Jimenez se concentrou em 16.962 enfermeiras com 70 anos ou mais que foram inscritas em um subestudo do NHS que começou entre 1995-2001 e durou até 2008. 

As participantes foram avaliadas quanto à função cognitiva por meio de pesquisas telefônicas, e os pesquisadores utilizaram uma métrica baseada em imagens de satélite para medir os níveis de vegetação ao redor das áreas residenciais delas.

Este é o primeiro estudo a explorar como diferentes características ambientais podem afetar a relação entre natureza e cognição entre portadores do gene apoe.

Considerando que os casos de Alzheimer e outras demências podem se desenvolver até 20 anos antes dos sintomas mais comuns aparecerem —como falta de memória e confusão mental— é fundamental identificar quais populações são mais suscetíveis a essas condições e as medidas protetoras que podem ser implementadas o mais cedo possível na vida para evitar ou retardar o comprometimento cognitivo.

O estudo também explorou o papel para a saúde mental na relação entre a exposição à natureza na meia-idade e a cognição. 

Enquanto pesquisas anteriores sugeriram que pouco contato com vegetação na meia-idade pode diminuir o funcionamento cognitivo por meio da depressão, os novos dados ampliam essa conexão ao sugerir que a vegetação pode estar associada ao declínio cognitivo ao longo do tempo por meio da saúde mental.

"Os resultados enfatizam a importância de priorizar a preservação e criação de espaços verdes, especialmente em bairros de baixa renda, como um meio de promover a saúde cognitiva na terceira idade", diz Jimenez.



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