China e Brasil vão assinar acordo de cooperação em
chips, 6G e inteligência artificial
Tecnologias
sensíveis são alvos de disputa com EUA; Lula deve se reunir com Huawei, BYD,
StateGrid e CCCC
O Brasil vai firmar
com a China um acordo de cooperação e intercâmbio em tecnologias de
semicondutores, 5G, 6G e as próximas gerações de redes móveis, inteligência
artificial e células fotovoltaicas (para geração de energia solar).
Os memorandos de
entendimento serão assinados durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) à China, na semana que vem.
Os acordos, que envolvem o Ministério de
Ciência e Tecnologia, Ministério das Comunicações e Anatel, preveem capacitação
em desenvolvimento de aplicativos, nuvem, internet das coisas e algoritmos em
aplicativos para a indústria.
Todas essas tecnologias são sensíveis
e estão no centro da guerra fria tecnológica entre Estados Unidos e China.
Nos últimos meses, Washington sinalizou
várias vezes a integrantes do governo Lula o interesse de promover
investimentos na cadeia de semicondutores no Brasil.
Os chineses, como parte do pacote de
recepção de honra a Lula em Pequim, devem acenar com possibilidade de
cooperação em fábricas de semicondutores no Brasil, com produção voltada para o
mercado brasileiro.
Uma ideia seria investir na Ceitec
(Centro de Excelência em Eletrônica Avançada), a estatal de semicondutores que
entrou em processo de liquidação sob Jair Bolsonaro e que Lula avalia reabrir.
A China domina quase metade do
mercado mundial da etapa chamada de backend dos semicondutores, a finalização
–teste, afinamento, corte e encapsulamento dos componentes.
O país também atua
no frontend, etapa que compreende a fabricação do componente.
Mas os chineses
não conseguem produzir os chips mais avançados, cuja tecnologia ainda é
monopólio de Taiwan e Coreia.
Hoje, o Brasil tem 11 grandes
empresas na cadeia de produção de semicondutores, mas com capacidade apenas no
chamado backend da cadeia.
FOLHA DE SÃO PAULO