Ofensas do Brasil à China retardam negociações com
a carne bovina.
Avaliação
é de Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro e especialista nessa área.
O Brasil está sofrendo os efeitos das ofensas que o país fez à China,
principalmente durante o período da pandemia.
Este é um dos motivos de a China demorar em
retornar a negociar carne bovina com o Brasil, na
avaliação de Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro.
A consultoria, junto com a Agroconsult, faz
anualmente um acompanhamento da pecuária no Brasil, buscando identificar
tendências e desafios do setor. Neste ano, será realizada a 10ª edição do Rally
da Safra.
As ofensas a que Nogueira se refere são todas as
investidas do governo Bolsonaro e da família do presidente contra negociações com a China,
inclusive no caso da vacina contra a Covid-19, provinda daquele país asiático.
Apesar desse momento delicado de negociações,
Nogueira acredita que essa seja uma questão pontual. Os chineses são bons de
negócios, mas precisam da carne.
O que está havendo é uma disputa por preços. “Eles
querem uma redução, e os brasileiros querem mais”, diz o diretor da consultoria.
Nos meses de agosto e de setembro, importaram 219 mil toneladas
de carne bovina do Brasil, uma média de 109,5 mil toneladas por mês. Nos
períodos anteriores essa média ficava abaixo de 80 mil toneladas.
Parte dessa carne, no entanto, ainda está a caminho da China. E
ainda é incerto se o país vai recebê-la. Nogueira destaca, ainda, que o ritmo
de retorno da produção de carne suína na China está mais acelerado do que se
previa, o que ajuda a abastecer o mercado interno chinês.
A saída da China do mercado brasileiro provocou queda nos preços internacionais e no mercado
interno. Responsável por metade da carne exportada pelo Brasil, a
China fez a arroba de boi gordo recuar para o menor patamar desde o final de
2020.
Negociada a R$ 322 em julho, a arroba chegou a cair
para R$ 266,80 na sexta-feira (15), segundo o Cepea (Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada).
FOLHA DE SÃO PAULO