Especialistas reunidos em evento do
BTG em Nova York, falam que risco de recessão global piora cenário.
Investidores estrangeiros esperam
resultados objetivos da agenda econômica do governo Jair Bolsonaro (PSL) antes de colocar
dinheiro no Brasil, mas a crise da Amazônia está atrasando ainda mais a aposta
no país.
Analistas afirmam que, nas últimas
semanas, dúvidas sobre as queimadas e o desmatamento na floresta
—com repercussão internacional— estavam presentes em pelo menos 70% das
conversas com investidores nos EUA e na Europa.
O baixo crescimento da economia
brasileira, porém, ainda é o principal motivo para afastar o aporte de recursos
no país.
"O Brasil tem boas perspectivas,
mas o fato é que a economia ainda não reagiu. Muita gente pensa que esperou até
agora [para investir], que o Brasil parece um emergente melhor, mas os números
não estão lá para provar isso.
Quando aparecerem, talvez a gente consiga se
destacar dos outros emergentes e receber um pouco mais de fluxo", afirma
Carlos Sequeira, chefe de pesquisa de ações para a América Latina do BTG
Pactual.
De acordo com os especialistas, a mensagem
aos donos do dinheiro hoje é que o Brasil vai crescer devagar, mas
continuamente, e que logo as reformas e abertura de mercado propostas pela
equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) vão ter reflexo nos números
macroeconômicos.
A avaliação é que a confiança dos
investidores em relação ao país têm aumentado mas, com a escalada da crise da Amazônia, foi preciso
acrescentar à retórica otimista mais explicações para tentar manter o quadro.
Os especialistas dizem ainda que a possibilidade de recessão global —agravada com
a guerra comercial entre EUA e China e a
imprevisibilidade do Brexit— é outro ingrediente na carteira de
investidores que evitam o Brasil.
Quando o mundo entra em desaceleração, países emergentes são os mais
afetados e, de acordo com os analistas, essa percepção é maior do que qualquer
agenda liberal que agrade a empresários e investidores.
VALOR ECONÔMICO