A maioria
das pessoas que entendem que há equilíbrio no INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social) tem ensino fundamental I ou ensino médio --53% dos entrevistados
em cada segmento. Mas a percepção é quase a mesma entre os mais escolarizados:
- 52% das
pessoas com ensino superior compartilharam dessa opinião. Entre aqueles sem
nenhum grau de instrução, a porcentagem cai para 30%.
Entrevistados
com ensino fundamental I e ensino superior são também os mais resistentes a
mudanças na aposentadoria: em cada grau de instrução, 40% acham que uma reforma
da Previdência futura não será necessária.
"Há
um alto nível de desinformação na sociedade. Falhamos em passar a mensagem
adequada ao público.
- para
53%, o sistema de previdência pública deve se manter com os próprios recursos.
Isso demonstra que as pessoas não entendem o tamanho e a importância do déficit
que existe hoje na Previdência", afirma Franco.
A
Previdência Social registrou um déficit recorde de R$ 268,8 bilhões em 2017
—considerando o INSS e o regime dos servidores públicos da União — alta de
18,5% ante o ano anterior.
Só
no INSS o déficit foi de R$ 182,5 bilhões —o maior rombo da série histórica,
que começa em 1995.
Quase
um terço dos entrevistados acha que o INSS deve ser mantido com verbas
reservadas para outras áreas do Orçamento. "Dadas as questões demográficas
de envelhecimento da população e projeções atuariais futuras, esse gasto da
Previdência vai tirar dinheiro da saúde, educação, infraestrutura", diz
Franco.
Apenas 15%
dos entrevistados pela Ipsos apontaram que a origem do rombo na Previdência
está no modelo atual das aposentadorias e no envelhecimento da população.
Para 75%,
o maior problema do INSS é a corrupção e o desvio de verbas. "Acabar com a
corrupção vai resolver muitos problemas do país, mas não necessariamente este
da Previdência, porque a questão é sobre equilíbrio estrutural", afirma
Franco.
Mais
da metade das pessoas (51%) afirmaram que querem se aposentar até 64 anos. A
proposta do governo para a reforma, no entanto, elevava a idade mínima para 65
anos (homens) e 62 (mulheres). Só dois em cada dez aceitam se aposentar com
mais de 65 anos.
E
quanto maior o grau de instrução dos entrevistados, maior a resistência: 19%
dos indivíduos com ensino fundamental I aceitariam se aposentar aos 65 anos,
enquanto esse valor cai para 9% entre pessoas com ensino superior.
"A
reforma é em favor da população, mas é impopular, porque efetivamente mexe nos
direitos das pessoas" diz Franco.
Apesar
de quererem se apontar mais cedo, 43% dos entrevistados disseram que planejam
seguir trabalhando após a aposentadoria para garantir o sustento. "As
pessoas querem se aposentar cedo, talvez para receber o benefício o quanto
antes, mesmo sabendo que terão que continuar trabalhando", avalia Franco.
O
INSS foi apontado como principal fonte de renda na fase de aposentadoria por
76% dos brasileiros --80% das pessoas da classe C (renda média familiar de R$
2.268,46) declararam que dependem muito ou totalmente da aposentadoria pública.
FOLHA DE SÃO PAULO