A reforma da Previdência possibilitará a quem já é aposentado
receber benefício maior considerando contribuições feitas após a concessão da
aposentadoria, criando uma espécie de desaposentação (que é a troca do
benefício por outro mais vantajoso).
A proposta que será enviada ao Congresso pelo governo Michel Temer
também vai permitir que trabalhadores que ganham acima do atual teto
previdenciário (R$5.189,82), tenham um valor similar ao que recebem em
atividade. O projeto de reforma prevê ainda a implementação de um segundo teto
do INSS, cujo valor seria de R$ 8.800.
Para que isso ocorra, tanto os aposentados quantos os
trabalhadores da ativa terão que contribuir além do teto atual para um regime
capitalizado que seria criado com a reforma, segundo informou ao DIA Leonardo
Rolim, da Consultoria de Orçamentos e Fiscalização Financeira da Câmara dos
Deputados (Conof/CD), que elaborou o documento com as diretrizes das mudanças
nas regras da Previdência que o presidente Michel Temer quer aprovar.
“Esse modelo faz parte de mudanças estruturais na Previdência para
tornar o sistema viável”, avalia Rolim.
O mecanismo é parecido com o que o governo implementou para
servidores que ingressaram no serviço público a partir de 2013. Para ganhar o
mesmo salário quando se aposentarem, vão ter que contribuir para um fundo de
previdência. Do contrário, ficarão limitados ao teto do INSS.
A aposentada Rosamarie Ferreira, 65, se preocupa com as mudanças.
Mas aceitaria pagar percentual para o benefício melhorar. Para complementar o
que ganha, ela montou barraquinha de essências artesanais no Largo do Machado e
tira semanalmente R$ 200. “Dependendo do valor, eu pagaria. Mas não acredito
que isso vá acontecer”, diz.
Já o aposentado Alzelino Silva, 73, vê com desconfiança a
proposta. Ele não acredita que ganharia valor a mais no benefício se fizesse a
capitalização que está na proposta de reforma da Previdência. “Não entendo mais
nada que essa política faz. Parece que quanto mais velhos ficamos, menos
ganhamos”, reclama. E complementa: “Não pagaria nem um centavo a mais. Já
paguei muito”.
O Dia