Os investidores no segmento
local trabalham com duas vertentes importantes que podem alterar a tendência
dos mercados em sentido diametralmente opostos. De um lado, o julgamento do
ex-presidente Lula pelo TRF-4 no próximo dia 24 de janeiro, e de outro,
o encaminhamento de alguma reforma na Previdência.
- Fluxo de recursos
internacionais
O Institute of International
Finance (IIF) indica que houve entrada de recursos em emergentes durante o ano
de 2017 no montante de US$ 235 bilhões, sendo que US$ 65 bilhões para o
segmento de ações, e US$ 170 bilhões em títulos de dívida.
Isso mostra que existe fluxo
de recursos sendo carregado para mercados de risco em todo o mundo, o que dá
respaldo para maior precificação dos ativos. No Brasil, os investidores parecem
antecipar o placar de 3×0 acelerando um pouco a tendência (com boa dose de risco),
mas reagindo a esse fluxo de recursos.
O reposicionamento de
carteiras nesse início de ano segue forte em todo o mundo, e no Brasil não é
diferente, já que os gestores estavam meios vazios de renda variável e correm
em busca de tentar acelerar retornos.
- Brasil: Reforma da Previdência
A segunda vertente da
reforma da Previdência parece ter andado pouco nesse período de recesso parlamentar,
mas de muitas movimentações antecipadas em relação às próximas eleições.
Pelo noticiário local, mesmo
com o presidente liberando muitas emendas, com a reforma ministerial em curso e
ajuda aos Estados e Municípios; ainda assim a quantidade de votos necessários
para a reforma continua longe dos requeridos 308.
O clima eleitoral não
favorece em nada a reforma e a vontade do ministro Meirelles de
concorrer à presidência ajuda a atrapalhar o processo.
- A necessidade de alguma Reforma
Repetimos que qualquer
reforma da Previdência, por mais emagrecida que fosse seria muito bem recebida,
exatamente por conta de sinalizações que seriam dadas para os investidores em
todo o mundo (e agências de risco, em especial).
Sem reforma da Previdência
tudo ficará comprometido em termos de ajuste da economia, com cortes de
investimentos, eventual ampliação da carga tributária, expectativa de inflação
e juros, endividamento crescente e próximo de 80% (dívida bruta). Sem ela teríamos
recidiva e as perspectivas dos próximos anos seria bastante alterada para pior.
- Os (enormes) desafios do
próximo presidente
Tudo estaria empurrado para
o próximo presidente eleito que ninguém arrisca quem seria, e qual o
comprometimento dele com reformas estruturantes. O fato continua sendo que não
temos “salvação” sem reformas de vulto em muitas áreas, que teriam de serem
feitas no momento inicial do novo governo. Porém, já estaríamos em meados de
2019, e o país não pode esperar todo esse tempo.
Olhando por esse ângulo, as
apostas que os investidores estão fazendo em antecipar resultados para essas
duas vertentes parece coerente, até por conta que haveria tempo de desfazer
erros e corrigir performance ao longo do restante do ano.
Nos definimos como otimistas
e, como tal, apostamos que a razão acabará prevalecendo. Caso contrário, vamos
cair na frase de Paulo Francis que dizia que “o Brasil é um asilo de
lunáticos, onde os pacientes assumiram o controle”.
Orientamos suas aplicações
em mercado de renda fixa e variável nesse período de vendaval nos mercados. Consulte o nosso site.
Alvaro Bandeira, economista chefe do Home Broker modalmais