O Fleury está
empenhado em deixar de ser apenas uma empresa de diagnósticos. Recentemente,
colocou no ar uma aposta na qual investiu 50 milhões de reais e que estava
sendo gestada há anos.
É a Saúde ID, uma plataforma de saúde cujo
objetivo é conectar pessoas e serviços de saúde – um pouco como o Uber faz com
o transporte.
A meta do Fleury com a novidade é
manter sua relevância no setor. “É uma iniciativa que tem tudo a ver com a
estratégia do grupo, que é estar no dia-a-dia das pessoas promovendo bem-estar.
Fazemos isso hoje com o conhecimento através dos diagnósticos, mas acaba sendo
algo pontual.
Com o app, estamos a um toque de distância, e o cliente pode
interagir conosco a qualquer momento.
A ideia é oferecer uma experiência de
saúde mais digital, inclusiva e sustentável”, afirma o presidente do Fleury,
Carlos Marinelli.
O negócio já está funcionando e
começou com uma carteira relevante, com 7 milhões de vidas, sendo 3 milhões
atendidas pelo Fleury e 4 milhões atendidas pela Santécorp, que atua na gestão
de saúde em empresas e foi comprada pelo Fleury em 2018.
Também trabalha em uma
versão voltada diretamente ao consumidor final.
Porém, agora, o principal foco dos
executivos à frente da Saúde ID é buscar parceiros interessados em oferecer
serviços na plataforma.
“Se o Uber não tivesse usuários, não teria motoristas.
Se não tivesse motoristas, não teria usuários. É assim que funciona o modelo de
plataforma.
Então, temos uma massa grande de usuários e estamos atraindo
parceiros para oferecer soluções a eles. E nós entramos com a ciência de dados
para fazer o match entre usuário e parceiro”, diz Eduardo Oliveira, CEO da
Saúde ID.
Por enquanto, a plataforma conta com
tecnologia para a realização de consultas via telemedicina e alguns outros
serviços voltados aos médicos.
Para o usuário final, um dos principais serviços
é a unificação das informações, com exames em um só lugar, facilitando o
acompanhamento da própria saúde.
No futuro a ideia é oferecer uma gama
ampla de serviços, dentre eles venda de medicamentos ou até alimentos
recomendados pelo médico, como em um marketplace.
A plataforma também pretende
ajudar o paciente a encontrar o médico mais indicado para atendê-lo.
Para atrair o maior número possível
de parceiros, a Saúde ID vai funcionar como uma empresa separada do
laboratório.
“Somos apartados do grupo para que não haja nenhuma barreira, e a
concorrência possa oferecer seu serviço através da plataforma”, diz Oliveira.
Com a plataforma, o Fleury entra
firme em mercado em expansão, que é o da promoção da saúde.
Os investimentos na
plataforma continuam e serão parte importante do capex do grupo nos próximos
anos.
A pandemia do novo coronavírus acendeu o alerta sobre a necessidade
de as pessoas se cuidarem. “Precisamos de um olhar de sustentabilidade para a
saúde e colocar mais recursos em ações que deixem as pessoas saudáveis.
Se não
gerenciamos bem esses recursos, teremos menos saúde para menos pessoas”, afirma
Marinelli.
O grupo não é o único que olha para o
tema. Recentemente, a rede de drogarias RD – Raia Drogasil anunciou
o lançamento de um marketplace de saúde.
Para o presidente do Fleury, o
aquecimento do mercado é positivo. “Não adianta querermos a transformação
digital na saúde sozinhos.
É positivo que outros abracem essa ideia, isso vai
trazer mudanças no comportamento do consumidor”, diz.
EXAME