Tom mais duro do Banco Central sugere Selic maior
em 2025, dizem analistas
Apesar do choque
monetário, dólar e juros futuros voltaram a subir, o que deve pressionar taxa
O choque de juros promovido pelo Copom (Comitê de Política Monetária do
Banco Central), sem uma reação positiva do câmbio e dos juros futuros, sugere
uma Selic mais elevada ao fim deste ciclo de
aperto monetário, avalia o mercado financeiro.
Na quarta-feira
(11), o BC elevou a taxa básica de juros em 1 ponto
percentual, de 11,25% para 12,25% ao ano e disse prever dois
aumentos de mesma intensidade nas duas próximas reuniões, em janeiro e março.
Se a indicação for cumprida, a taxa básica vai atingir o patamar de 14,25% ao
ano em março –pico da Selic na crise do governo de Dilma Rousseff (PT), entre
2015 e 2016.
"O Copom
tomou para ele a responsabilidade de tentar normalizar o mercado, que nesse
último mês teve um comportamento completamente adverso, reagindo muito mal ao
anúncio do pacote [de corte de gastos]", diz Helena Veronese,
economista-chefe da B. Side Investimentos, que estima um terceiro
aumento na taxa, de 0,50 a 0,75 ponto percentual.
No primeiro
momento, porém, a reação não foi a esperada.
Nesta quinta (13), o dólar fechou em alta de 0,68%, a R$ 6,01,
e a curva de juros futuros também subiu.
O contrato com vencimento em 2026 foi
de 14,27% para 14,66%, enquanto o juro para 2027 subiu de 14,49% para 14,71%.
Já o contrato para 2029 teve alta de 0,04 ponto percentual, para 14,165%.
"Essa reação
não dá credibilidade à política monetária.
O choque de juros não basta para
reancorar as expectativas de inflação. Isso depende de alguma medida fiscal
concreta", afirma Adriana Dupita, economista da Bloomberg Economics.
FOLHA DE SÃO PAULO