Por que 'ESG' virou algo sem
sentido?
A
fragilidade do movimento ESG pode ter vindo do seu próprio nome, que se
transformou em um slogan genérico.
Em
2015, a expectativa tomou conta da capital francesa, Paris, onde os líderes mundiais estavam
reunidos para a COP21, a Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas.
Depois de semanas de intensos
debates, foi apresentada uma promessa no dia 12 de dezembro: 196
países se comprometeram a tomar medidas contra as mudanças climáticas, com o objetivo de zerar
suas emissões de carbono até 2050.
Para
as empresas, a decisão
simbolizou o início do movimento chamado "ESG", que consiste em
manter o foco nas questões ambientais ("environmental", em
inglês), sociais e de governança na tomada de decisões
comerciais.
Empresas
de todo o mundo criaram campanhas individuais ambiciosas para atingir o
objetivo de emissão zero.
Surgiram diversas estratégias de investimento
concentradas nas práticas de ESG, que frequentemente incluíam transições para a
energia verde e a retirada de investimentos em combustíveis fósseis.
Um
exemplo foi a empresa norte-americana de telecomunicações Verizon, que se
comprometeu a gerar energia renovável equivalente a 50% do seu consumo anual de
eletricidade até 2025.
Já a seguradora francesa Axa prometeu romper seus laços
com a indústria de carvão até 2030.
E, depois do assassinato de George Floyd nos Estados
Unidos em 2020, empresas
multinacionais como a Apple, AbbVie, Facebook, Pfizer, Johnson & Johnson e
Procter & Gamble prometeram investir o montante combinado de US$ 340
bilhões (cerca de R$ 1,7 trilhão) para promover causas relacionadas à justiça
racial.
O
movimento ESG é cada vez mais rotulado de capitalismo "woke" e
acusado de permitir a prática do "greenwashing". Por isso, Taylor
afirma que mesmo as empresas que continuam a prometer emissões zero deixaram
de rotular suas decisões comerciais como prática de ESG.
Essa
medida pode trazer alívio para as empresas que enfrentaram reações cada vez
mais adversas por terem adotado o termo sem realizar mudanças substanciais,
particularmente em uma época de expectativas cada vez maiores do público em
relação à responsabilidade empresarial.
FOLHA DE SÃO PAULO