José Maria dos Santos, 59, contribui mensalmente com 10% do
salário para o fundo de pensão dos funcionários da Copasa, administrado pela
Fundação Libertas. Santos sempre pensou que essa oportunidade de garantir uma
renda extra para completar a aposentadoria também poderia ser dada a seus
familiares, que, em vez de contratar uma previdência privada em um banco,
poderiam associar-se ao fundo de pensão dele. Agora, além dele, os parentes de
mais de 3 milhões de participantes dos 307 fundos do país também terão essa
chance. Eles fazem parte da estratégia da Associação Brasileira de Entidades
Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), que pretende lançar até agosto
um plano setorial no qual os familiares poderão aderir ao sistema, com regras
mais flexíveis que não exigirão depósitos todos os meses.
“Certamente terei interessados na minha família. Vale mais a
pena do que os abertos porque o fundo de pensão não visa ao lucro. É mais para
criar uma reserva para quando o empregado se aposentar”, destaca Santos.
Desde junho do ano passado, a possibilidade de sindicatos e
federações instituírem planos para abarcar não apenas os funcionários da
empresa, mas também de todo o setor – incluindo os dependentes – está
regulamentada pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar
(Previc). No entanto, a mudança não saiu do papel. Como a reforma
previdenciária vai adiar a aposentadoria pelo INSS e pagar menos, o segmento
está sendo forçado a se reinventar.
Os fundos fechados pagam R$ 42 bilhões em benefícios por ano e
têm reservas de R$ 790 bilhões. “Esse montante é suficiente para bancar o
pagamento dos benefícios dos aposentados até 2036. Mas o segmento está
estagnado, e, por isso, queremos atingir os dependentes. Se cada um trouxer, no
mínimo, um familiar, dobramos as contribuições”, afirma o diretor-presidente da
Abrapp, Luís Ricardo Martins.
A Aprapp está elaborando um plano único, do qual todos os demais
fundos possam fazer parte coletivamente, configurando o setor. O Forluz, que
reúne 22 mil trabalhadores ativos e inativos da Cemig, está disposto a aderir.
“Certamente há uma demanda das famílias dos nossos participantes. Então seria
interessante para o Forluz aderir ao plano setorial da Abrapp, até mesmo como
um teste. Se der certo, nada impede de criarmos o nosso próprio”, destaca o
presidente do Forluz, José Ribeiro.
A Fundação Libertas administra os fundos de pensão dos
funcionários de Copasa, MGS, Minascaixa, Prodemge, Codemig, Cohab e IMA. O
presidente, Edevaldo Fernandes Silva, diz que a entidade está disposta a lançar
um plano setorial próprio até o fim deste ano. “Estimamos que o interesse de
familiares dos associados gire em torno de 15%. Essa será uma ótima alternativa
de previdência complementar, pois abre portas para entregar ao dependente um plano
com medidas mais protetivas, que já vem com referências de um familiar”, afirma
Silva.
De acordo com o diretor responsável pela Comissão Técnica Nacional de
Investimentos da Abrapp, Guilherme Leão, a rentabilidade da previdência fechada
chega a ser 50% maior que a da aberta. “Quem depositou R$ 100 mil nos últimos
20 anos teria R$ 400 mil na aberta e R$ 600 mil na previdência fechada”,
compara o economista.
O Tempo