Conselho Federal de Medicina e indústria discordam
sobre futuro da teleconsulta em exame ocupacional.
Enquanto as discussões para regular a telemedicina
no pós-pandemia avançam no
Congresso, um outro capítulo deste mesmo assunto foi aberto nas últimas semanas
quando o CFM (Conselho Federal de Medicina) publicou uma resolução vedando o
uso da prática para exames ocupacionais, como admissão e demissão.
O órgão justifica que, diferentemente da
medicina assistencial, que está ancorada na confiança entre o médico e o
paciente, a pericial visa o equilíbrio entre empregado e empregador e, por vezes, há conflito.
“A perícia médica não é uma consulta, mas um
ato, uma exigência legal que, portanto, precisa de segurança jurídica devido às
suas implicações legais e administrativas”, diz o CFM em nota.
A ANAMT (Associação Nacional da Medicina do Trabalho), que
reúne médicos do trabalho, aprova a decisão do órgão.
Mas a resolução desagradou
representantes da indústria. Para o gerente-executivo de relacionamento com o
Poder Executivo da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Pablo Cesário,
a telessaúde já era uma tendência
inevitável no Brasil e no mundo,
e foi apenas acelerada com a pandemia.
Cesário critica o veto integral ao uso da
prática para exames ocupacionais, e defende um sistema híbrido, com serviços
presenciais e a distância.
Ele diz que a telemedicina ampliou o acesso dos funcionários da
indústria aos serviços de saúde e
diminuiu custos, como o do transporte.
FOLHA DE SÃO PAULO