PERSPECTIVAS DA SEMANA


Copom: modo cautelosamente dependente dos dados.

O Copom se reúne nesta quarta-feira em um cenário que segue bastante alinhado ao diagnóstico recente do Banco Central: desaceleração gradual da atividade, inflação corrente um pouco melhor e expectativas ligeiramente mais baixas, ainda que acima da meta. Do lado da atividade, o mercado de trabalho continua aquecido, o que mantém alguma pressão de curto prazo. No ambiente internacional, o Federal Reserve (Fed) também se reúne, em meio a sinais mistos sobre a economia americana.

Nosso cenário base é que o Banco Central mantenha a Selic em 15%, promovendo apenas ajustes marginais na comunicação. A avaliação principal deve permanecer: para garantir a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, a política monetária precisa seguir em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado. Não vemos espaço, neste momento, para retirar o advérbio “bastante”, que tenderia a ser lido pelo mercado como um sinal prematuro de corte em janeiro. Vale a mensagem que o presidente Gabriel Galípolo já ressaltou que a manutenção do “bastante” não significa que cortes em janeiro estão descartados. Nesse sentido, vemos uma reação assimétrica do mercado: retirada do “bastante” tende a ser lido como sinal de corte eminente, enquanto a manutenção não deveria por si só sinalizar a inviabilidade dele. 

Na qualificação do cenário, esperamos que o Copom reconheça melhora na inflação e maior confiança no seu cenário base, sem alterar de forma relevante o balanço de riscos. Sobre projeções, o BC pode apresentar inflação de 3,2% no horizonte relevante, mantendo janeiro como possibilidade teórica. Ainda assim, com o câmbio mais depreciado após o anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro, essa projeção tende a rapidamente perder força como sinalizador, e o mercado deve interpretá-la com cautela.

No cenário externo, o Federal Reserve (Fed) deve cortar 25 bps, mas com dissenso relevante dentro do comitê. Caso quatro ou mais diretores votem por estabilidade, a leitura será hawkish, aumentando o risco de que o ciclo de cortes termine cedo — possivelmente em 3,5%. No discurso, Powell deve reforçar que a barra para cortes adicionais em janeiro segue alta. Continuamos projetando taxa terminal de 3%, com cortes em março e junho. 

No todo, esperamos um Copom cauteloso, reafirmando que o debate sobre cortes só ganha tração se — e apenas se — os dados indicarem espaço para tal. A dependência dos dados é o eixo central da estratégia do Banco Central brasileiro.
 

Brasil
A agenda doméstica será marcada pela decisão de taxa de juros do COPOM na quarta-feira, acompanhada de dados de inflação e indicadores de atividade.
•    Segunda-feira: FGV CPI IPC-S (1ª semana de dezembro); Balança Comercial Semanal; Relatório Focus; Anfavea (novembro).
•    Terça-feira: IPC-Fipe (1ª semana de dezembro).
•    Quarta-feira: IPCA (novembro); COPOM - Decisão Taxa de Juros.
•    Quinta-feira: Vendas no Varejo (outubro).
•    Sexta-feira: Pesquisa Mensal de Serviços (outubro).

Estados Unidos: 

A agenda da semana nos EUA será dominada pela decisão de política monetária do FOMC na quarta-feira. Além disso, haverá a publicação dos dados de emprego (JOLTS), expectativas de inflação e discursos de representantes do Federal Reserve (Fed).
•    Segunda-feira (8): Expectativas de inflação de 1 ano do Fed de Nova York (novembro).
•    Terça-feira (9): NFIB - Confiança do pequeno empresário (novembro); JOLTS (outubro).
•    Quarta-feira (10): Decisão de taxa de juros do FOMC; Índice de Custo do Emprego (3º trimestre); Resultado Fiscal Federal (novembro).
•    Quinta-feira (11): Pedidos de Seguro Desemprego (1ª semana de dezembro); Balança Comercial (setembro); Estoques no Atacado (final de setembro).
•    Sexta-feira (12): Discursos de Anna Paulson, Austan Goolsbee e Elizabeth Hammack (Fed).

Europa

Na Zona do Euro e Reino Unido, a semana trará dados relevantes de atividade industrial, PIB do Reino Unido e inflação da Alemanha, além de discursos de membros do Banco Central Europeu (BCE).
•    Segunda-feira: Produção Industrial da Alemanha (outubro); Sentix - Confiança do investidor da Zona do Euro (dezembro); discursos de Piero Cipollone e François Villeroy de Galhau (BCE).
•    Terça-feira: Balança Comercial da Alemanha (outubro); discurso de Joachim Nagel (BCE).
•    Quarta-feira: Discurso de Christine Lagarde (BCE).
•    Sexta-feira: PIB Mensal do Reino Unido (outubro); Produção Industrial do Reino Unido (outubro); CPI da Alemanha (final de novembro); Balança Comercial do Reino Unido (outubro); Conta Corrente da Alemanha (outubro); Índice de Serviços do Reino Unido (outubro).

Ásia

Na Ásia, o foco se volta para os dados de inflação da China e indicadores industriais do Japão.
•    Segunda-feira: Índice econômico do Japão (novembro).
•    Terça-feira: Pedidos de Máquinas do Japão (prévia de novembro).
•    Quarta-feira: PPI do Japão (novembro); CPI da China (novembro); PPI da China (novembro).
•    Sexta-feira: Produção Industrial do Japão (final de outubro).






 



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