É
preciso mexer de fato na previdência para liberar investimentos públicos e
fazer a economia voltar a crescer, diz Velloso.
Para
reforçar os investimentos públicos e assim ajudar na retomada do crescimento
econômico, o economista Raul Velloso, um dos maiores especialistas em contas
públicas, diz em artigo em jornal ser preciso atacar de frente o item que mais
tem crescido nos orçamentos públicos nos últimos anos: os gastos em previdência
nas várias esfera.
Diz
ele: "Só consegui levantar dados para 2006-17, mas, mesmo considerando
somente esse período, constatei que, descontando a inflação, e fazendo base em
2006, o gasto da previdência no conjunto dos Estados cresceu 93% acima da
inflação; no INSS 80%; na previdência própria da União, 46%; enquanto o PIB real crescia
apenas 23%.
E
todos os estudos atuariais que tenho visto mostram uma forte tendência à
deterioração nos anos à frente, algo que, de fato, está acontecendo.
Ou seja,
sem fazer nada, não haveria como ter espaço para investir e fazer o PIB
crescer, algo obviamente insustentável para um país com as carências do nosso.
São
três as linhas gerais de atuação das políticas a serem seguidas na área. A
primeira é a aprovação de uma reforma de regras para valer, algo mais profundo
do que se fez em 2019.
A segunda é o aporte e monetização de ativos e
recebíveis em geral em fundos criados para fechar a conta do financiamento dos
fluxos de déficits previdenciários, durante a vida útil do regime em causa.
E,
por último, a busca de maior retorno nas aplicações financeiras da própria entidade.
Numa
palavra, trata-se de zerar o desequilíbrio do regime previdenciário acaso
existente ao longo de “x” anos, ou seja, em que, dados os fluxos futuros de
despesas conforme as regras existentes, novas receitas ocorram tanto de uma vez
só, como no caso do aporte de imóveis, como ao longo de um período rumo ao
futuro, como no caso de ativos financeiros, sem importar quão longo esse seja,
pois “securitizações” ou antecipações de seu recebimento via operações de
mercado são sempre possíveis.
O ESTADO DE SÃO PAULO