Em
delação premiada, o empreiteiro Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo,
falou sobre a atuação do ex-ministro Guido Mantega para destravar a liberação
de um negócio pela Previ com a Odebrecht Realizações Imobiliárias. A Previ,
fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, comprou parte do
empreendimento imobiliário Parque da Cidade – o negócio contou com a ajuda de
"Guido", forma como Marcelo se refere ao ex-ministro. Os dois
mantinham relação de proximidade.
Segundo
Marcelo, Mantega “azeitou” a liberação do negócio. O empresário foi
procurado por executivo responsável pela Odebrecht Realizações Imobiliárias
para pedir “um conforto” por parte do então ministro da Fazenda sobre o
negócio. Marcelo levou o caso a Mantega e depois disso lançou um crédito de R$
27 milhões em favor do PT na conta corrente usada para fazer repasses de
interesse ao governo.
“Negociações
dessa travam mesmo. Fica difícil dizer (se negócio teria sido feito sem a
atuação de Guido Mantega). Teria destravado em mais tempo se eu não tivesse
falado? Eu não posso dizer (...) Com certeza ajudou. Atrapalhar, não
atrapalhou”, disse Marcelo, sobre a intervenção do então ministro da Fazenda.
Ele
disse ainda que destinou R$ 4 milhões ou R$ 5 milhões da conta vinculada a
interesses do governo ao deputado Carlos Zarattini (PT-SP) e ao ex-deputado
Cândido Vaccarezza (PTdoB-SP), em razão de influência no negócio. “Eu sabia que
Zarattini e Vaccareza tinham relação com Guido. Disse: ‘Se você (Paul Elie
Altit, executivo da Odebrecht Realizações Imobiliárias) prometeu a ele
dar esse apoio, até consigo com Guido descontar na planilha italiano”, narrou
Marcelo.
Em nota divulgada na terça-feira, dia 11, o líder do PT na Câmara disse
que “delação não é prova”. “Todos os citados das bancadas do PT na Câmara e no
Senado irão provar sua inocência nesse processo”, diz a nota. E completa: “É
lamentável que mais uma vez haja a divulgação de inquéritos em que sequer os
citados tivessem conhecimento do que são acusados”.