Caixa poderá ser obrigada a pagar R$ 5 bilhões a
aposentados da Funcef.
Procuradoria pede
indenização para custear rombo por má administração em fundo de pensão; Caixa
diz que não comenta ações em andamento.
Caixa Econômica Federal poderá ser
obrigada pela Justiça a pagar R$ 5 bilhões à Funcef (Fundação dos Economiários Federais), fundo de
pensão dos funcionários do banco.
O pedido, feito pelo MPF (Ministério
Público Federal) por meio de liminar em ação civil pública ajuizada na
segunda-feira (21), tem como objetivo custear o rombo pago hoje pelos
participantes do fundo.
A solicitação é um
dos desdobramentos da Operação Greenfield, deflagrada em 2016 e que chegou ao
final em 2021.
A operação apurou o prejuízo do uso político dos
fundos de pensão desde 2008. Segundo o MPF na ação, somente na Funcef, o
déficit chega a R$ 18 bilhões.
A intenção é que os R$ 5 bilhões solicitados à Justiça sejam
utilizados para custear valores que hoje vêm sendo descontados dos
participantes da Funcef.
Dependendo do plano de aposentadoria ou do benefício
que recebem, o desconto na folha de pagamento para cobrir o buraco varia entre
25% e 50%.
O procurador Anselmo Henrique Lopes cita na ação nove casos de
investimentos desastrosos feitos pela gestão do fundo por decisão de diretores
da Caixa, que é a única patrocinadora do fundo de pensão. Segundo o procurador,
os cenários mostram "gestão temerária ou fraudulenta".
Criada em 1977, a Funcef foi um dos primeiros fundos de pensão
do país. Hoje, conta com mais de R$ 90 bilhões em ativos e reúne 140 mil
participantes.
A diretoria é composta por seis membros, três deles indicados
pela Caixa e três pelos funcionários.
Os membros da diretoria têm autonomia para propor investimentos,
que são votados pelos diretores.
Em caso de empate, o principal indicado pela
Caixa é quem tem o voto de minerva. Por isso, nas ações, há o indício de
responsabilidade da diretoria indicada pelo banco estatal em decisões que
levaram ao prejuízo.
FOLHA DE SÃO PAULO