Ausência de sistema na Previdência gera gasto
indevido de R$ 5 bi no auxílio emergencial, diz TCU.
Cadastro
com dados de União, Estados e municípios, exigido na reforma da Previdência,
não saiu do papel.
Ao menos R$ 4,9 bilhões em parcelas do auxílio emergencial pagas indevidamente em 2020 poderiam ter sido
evitadas, caso o governo Jair Bolsonaro (PL) tivesse implementado um sistema com dados de
aposentadorias, pensões e remunerações concedidas por União, estados e
municípios.
A criação da base integrada é uma exigência da
emenda constitucional 103, que trata da reforma da Previdência, promulgada em novembro de 2019.
Até hoje, a plataforma não saiu do papel.
O prejuízo foi apontado pelo TCU (Tribunal de
Contas da União) em julgamento de dezembro de 2021 e, na prática, pode ser
ainda maior.
O pente-fino mirou apenas R$ 9,8 bilhões em pagamentos indevidos efetivamente identificados e cancelados pelo
Ministério da Cidadania.
No entanto, a corte estima que o governo gastou R$
21,5 bilhões a mais do que seria necessário, considerando as regras de
elegibilidade ao programa, entre elas não ser beneficiário da Previdência nem
servidor público.
Além disso, os auditores chegaram ao número
observando o motivo das suspensões analisadas: se o beneficiário era aposentado
do INSS, ou servidor público, entre outros impedimentos que seriam
identificáveis no sistema integrado.
A reforma da Previdência estabeleceu que a União
deveria criar um sistema integrado de dados contendo informações de
remunerações de servidores civis e militares, aposentadorias e pensões de todos
os regimes previdenciários, além de benefícios assistenciais como o BPC
(Benefício de Prestação Continuada).
O texto dizia ainda que todos os Poderes de União,
estados e municípios deveriam fornecer as informações necessárias para a
estruturação do sistema.
A partir dessa plataforma, seria mais fácil cruzar
dados e descobrir, por exemplo, se um candidato a receber assistência do
governo federal era servidor em algum estado ou município, entre outras possibilidades.
Hoje, esse trabalho é feito de maneira pontual.
FOLHA DE SÃO PAULO