MERCADO FINANCEIRO


Leilões de títulos não buscam controlar dólar ou juro e mercado está funcionando, diz coordenador do Tesouro

O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública substituto do Tesouro Nacional, Roberto Lobarinhas, afirmou nesta quinta-feira (26) que os leilões extraordinários de compra e venda de títulos públicos realizados na semana passada não buscavam controlar os níveis de câmbio e juros. 

Segundo ele, o resultado dos certames mostram que o mercado está funcionando normalmente.

Em um período de forte volatilidade, com alta do dólar e da curva de juros em meio à desconfiança de agentes econômicos com o cenário fiscal e após o Banco Central acelerar seu aperto monetário, o Tesouro fez leilões extraordinários sob o argumento de que buscava assegurar o bom funcionamento do mercado de títulos públicos e mercados correlatos.

Em entrevista à imprensa, Lobarinhas disse que a procura do mercado ficou bem abaixo do volume ofertado pelo Tesouro para recompra de títulos. 

Em um dos leilões, na quarta-feira da semana passada, o Tesouro comprou apenas 100 mil papeis, ante a oferta de 1 milhão. 

Em outra operação, na quinta, foram comprados 103 mil papeis, ante oferta de 3 milhões.

O mercado reagiu com nervosismo ao pacote fiscal após o governo surpreender e anunciar, em conjunto com iniciativas de contenção de gastos, proposta para aumentar a desoneração do imposto da renda da pessoa física.

As taxas futuras ganharam fôlego adicional depois que o BC elevou neste mês a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, comunicando que pretende promover mais dois aumentos da mesma magnitude em suas próximas reuniões, em janeiro e março, levando a Selic a 14,25%.

Apontando disfuncionalidades no mercado por conta de um fluxo maior de saída de recursos do país neste fim de ano, o BC tem atuado no câmbio nas últimas semanas, também argumentando que busca eficiência das negociações de mercado, e não um patamar para o dólar.

Os leilões simultâneos de compra e venda de títulos são uma alternativa do Tesouro para tentar ajustar o mercado em momentos de grande volatilidade, quando há a avaliação de que os investidores estão sem parâmetros de preços e taxas. 

Isso se deu, por exemplo, em 2020, com a turbulência econômica gerada pela crise da Covid-19.



FOLHA DE SÃO PAULO
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