CRIPTOMOEDAS


Atração por criptomoedas é como surto obsessivo, compara investidor.

Especialistas veem fenômeno como forma de dependência em jogo e indicam semelhanças com operadores de Wall Street.

Matt Danzico entendeu que tinha um problema sério, quando começou a ver logotipos de criptomoedas nas embalagens de produtos de supermercado. 

Durante a pandemia, ele se viu arrastado pelo furor das moedas digitais, o que, rapidamente, transformou-se em uma obsessão.

"Passava noites acordado, me revirando na cama, tentando tirar os gráficos da minha cabeça", contou o designer e jornalista visual radicado em Barcelona. "Pensei que estivesse enlouquecendo", desabafou.

Suas emoções reproduziram esta mesma montanha-russa, um quadro agravado pelo fato de ele estar especulando em meio ao confinamento trazido pela covid-19. Sua mulher percebeu que ele estava ficando cada vez mais ansioso e irritado.

Com o crescimento das criptomoedas, Danzico teme que experiências ainda mais graves do que a sua estejam ocorrendo ao redor do mundo.

"Estamos falando sobre dezenas de milhões de pessoas que operam com criptomoedas", afirmou.

"Se uma pequena fração dessas pessoas ficar dependente, será um enorme potencial para crises mentais em uma escala que não acredito que o mundo já tenha visto", alerta.

  • O lado obscuro das criptomoedas no twitter

Em setembro, viralizou a história de um tcheco e de sua tentativa desastrosa de enriquecer com criptomoedas, que se endividava cada vez mais para recuperar suas perdas. 

Deprimido e sem casa para morar, sentiu-se envergonhado demais para pedir ajuda.

"Quando liguei para minha mãe, disse a ela que estava bem, que tinha um bom emprego, um lugar para dormir etc. Na verdade, eu estava passando fome", relatou um usuário chamado Jirka, que agora tenta reconstruir sua vida.

Preocupado com sua própria experiência e com outras contadas on-line, Danzico começou a pesquisar sobre a dependência em criptomoeda e publicou suas descobertas no site de notícias especializado Cointelegraph.

Os especialistas veem o fenômeno como uma forma de dependência em jogo e indicam semelhanças com os operadores de Wall Street, cujos investimentos podem ficar fora de controle.

A clínica Castle Craig, um centro de reabilitação na Escócia, descreve a dependência em criptomoeda como uma "epidemia moderna". 

O problema é mais frequente entre os homens, observou a clínica em seu site, mas "isso pode ser porque as mulheres operam menos em criptomoedas do que os homens".



NEW YORK TIMES
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