O celular que acessa a internet, grava vídeos, toca
música, armazena milhares de livros, conta quantas calorias você ingeriu no
almoço e não sai do seu lado nem na hora de dormir está fazendo suas faculdades
mentais murcharem?
Ainda é cedo para dizer com certeza, mas há
indicações preocupantes de que um anúncio na linha "O Ministério da Saúde
adverte: uso excessivo de smartphone emburrece" não é ficção científica.
MMs
Os neurocientistas e psicólogos que estudam o
impacto das tecnologias sobre a mente humana têm avaliado com especial atenção
os efeitos do chamado MM (sigla inglesa de "media multitasking" ou
"uso multitarefa de mídias").
O comportamento MM é, obviamente, muito facilitado
pela posse de um smartphone –ouvir música e usar um aplicativo de mensagens ao
mesmo tempo, por exemplo (talvez com a TV ligada ao fundo).
VOCÊ TROCA SEU CÉREBRO POR UM CELULAR?
Possíveis efeitos cognitivos da era digital
(1). EFEITO GOOGLE
Se você sabe que vai conseguir achar uma informação facilmente fazendo uma
busca na internet ou no seu computador, será que terá mais dificuldade para
decorá-la sozinho?
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Ilustração Luciano
Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress
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Sim, de acordo com um estudo da Universidade
Columbia. Nele, voluntários liam uma lista de curiosidades (coisas como "o
olho de um avestruz é maior que o seu cérebro"). Depois, para ajudar na
memorização, podiam digitar essa frase
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Ilustração Luciano
Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress
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Para metade dos voluntários, os cientistas disseram
que a frase seria apagada. Para a outra metade, informaram que ela seria salva
no computador
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Ilustração Luciano
Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress
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Depois, todos tinham de listar o maior número
possível de curiosidades
Os que achavam que o computador ia salvar as
informações tiveram desempenho bem pior
(2). TUDO JUNTO
Usar diversas mídias ao mesmo tempo atrapalha o desempenho
Estudo de Stanford, dividiu voluntários em dois
grupos: os que usavam muitas mídias ao mesmo tempo (assistir televisão checando
e-mails no celular e fazendo lição de casa, por exemplo) e os que não adotam
essa prática
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Ilustração Luciano
Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress
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Num teste para averiguar a capacidade de filtrar
estímulos inúteis, eles tinham de dizer se a orientação de retângulos vermelhos
tinha mudado e, ao mesmo tempo, não se distrair com retângulos azuis
Quem não usava várias mídias ao mesmo tempo se saiu
bem melhor
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Ilustração Luciano
Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress
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(3). Em
um teste de "eficiência", as pessoas tinham de dizer se uma letra (A
ou C, digamos) era consoante ou vogal e, depois, se um número (2 ou 5, por
exemplo) era par ou ímpar
Os que usavam várias mídias simultaneamente tinham
mais dificuldade na troca de tarefas
(4).
Outro estudo, do University College de Londres, mostrou que o uso simultâneo de
mídias está associado a uma diminuição da massa cinzenta numa área do cérebro
ligada à capacidade de detecção de erros e conflitos lógicos
Reinaldo José Lopes – caderno equilíbrio do
jornal FSP