Pesquisa em 12 países aponta que, com
o avanço da confiança na tecnologia, 55% das pessoas aceitariam ser atendidas
por um autômato com inteligência artificial no lugar dos médicos
Eliane Kihara,sócia da PwC Brasil e líder
de Health Services (Serviços de Saúde)
Um estudo mundial realizado pela
empresa de consultoria e auditoria PwC revelou que o uso crescente de
inteligência artificial e da robótica na medicina está mudando o panorama dos
serviços de saúde e o papel dos médicos. A pesquisa mostrou que a maior parte
dos entrevistados está disposta a receber cuidados de robôs na área da saúde,
que podem ir dos diagnósticos de doenças até cirurgias de pequeno porte. O
estudo What doctor? Why AI and robotics will define new health (Que médico? Por
que a IA e a robótica vão definir a nova saúde) baseou-se em entrevistas com
cerca de 11 mil pessoas de 12 países da Europa, África e Oriente Médio,
concluindo que mais da metade dos participantes (55%) declarou estar disposta a
ser atendida por robôs com inteligência artificial, capazes de responder às
dúvidas sobre saúde, realizar testes, diagnosticar doenças e até recomendar
tratamentos.
Eliane Kihara, sócia da PwC Brasil e
líder de Health Services (Serviços de Saúde), ressalta que assim como acontece
em outras áreas, as pessoas estão cada vez mais abertas ao uso da tecnologia, e
não é diferente no setor de saúde. “O emprego de robôs e inteligência
artificial pode ajudar a tornar tratamentos e diagnósticos mais acessíveis e
eficazes, sobretudo em países ainda carentes de um sistema de saúde
bem-estruturado.” A pesquisa concluiu que as pessoas se mostraram mais
propensas a experimentar os cuidados de robôs caso tenham acesso a diagnósticos
mais rápidos e precisos e a melhores tratamentos de saúde. O “toque humano”
continua sendo um componente crucial para os cuidados de saúde, mas a maior
aceitação do uso de robôs indica um crescimento da confiança na tecnologia.
“O futuro da cirurgia está na
robótica. A operação com o robô é altamente precisa e eficaz para o paciente e
pode ser realizada por várias especialidades”, garante o médico mineiro
Fernando Marsicano, especializado em cirurgia robótica pela Universidade de
Miami. Ele, que atua no Hospital Vila da Serra, é um dos primeiros uro-oncologistas
de Minas a utilizar a robótica da Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma),
mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas, do instituto de pós-graduação
para a cirurgia do câncer de próstata. O equipamento instalado no hospital foi
adquirido recentemente por R$ 10 milhões pela Fluma e pelo Hospital
Universitário São José.
O especialista
aponta que outro grande benefício da cirurgia robótica é o fato de possibilitar
maior conforto para o médico trabalhar. O médico opera sentado, com visão privilegiada,
sendo muito mais adequada no caso de procedimentos demorados. E para quem acha
que o robô opera sozinho, o uro-oncologista explica: “O modelo de robótica que
existe hoje está totalmente atrelado ao controle e movimentos realizados pelo
cirurgião. A máquina não substitui o homem, apenas contribui para uma cirurgia
mais precisa, mais confortável para o médico, e que traz benefícios para o
paciente”.
EMERGENTES x RICOS De acordo com a pesquisa da PwC, países emergentes
mostraram-se mais abertos à substituição de cuidados humanos por robôs do que
aqueles com economia desenvolvida. Enquanto 94% dos entrevistados na Nigéria e
85% na Turquia declararam estar propensos ao uso de robôs e inteligência
artificial nos cuidados com a saúde, no Reino Unido, somente 39% dos
entrevistados mostraram a mesma inclinação, e na Alemanha, 41%.
Cerca de 50% dos
entrevistados em todo o mundo se mostraram inclinados a se submeter a uma
cirurgia realizada por um robô em vez de um médico. Essa inclinação se mostrou
mais forte na Nigéria, Turquia e África do Sul, onde 73%, 66% e 62% dos
entrevistados, respectivamente, se disseram mais propensos a realizar uma
cirurgia de pequeno porte feita por robôs, enquanto no Reino Unido 36% das
pessoas declararam que fariam scirurgia, o menor percentual entre os 12 países
pesquisados.
Mesmo no caso de
cirurgias mais complexas, verificou-se que boa parte dos participantes do
estudo estaria disposta a se submeter a procedimentos comandados por robôs: 69%
dos entrevistados na Nigéria, 40% na Holanda e 27% no Reino Unido. Entre as
motivações que levariam as pessoas a confiar os cuidados com a saúde à
inteligência artificial, foram citadas principalmente a chance de obter um
acesso mais rápido e fácil a serviços de saúde (36%) e a velocidade e exatidão
de diagnósticos (33%). Falta de confiança na capacidade de tomar decisão dos
robôs (47%) e falta de contato humano
(41%) foram as
principais razões citadas por quem não está disposto a se submeter a
tratamentos comandados por máquinas.
O estudo completo da
PwC pode ser acessado no link http://pwc.to/2ncSFRZ
Fonte: Augusto Pio, jornal Estado de Minas