Matthias Larsson, na foto com dois de seus filhos, disse
que sua eficiência aumentou quando o centro de serviços automotivos onde trabalha adotou a
jornada de seis horas diárias.
Arturo Perez voltava para casa
exausto de seu trabalho como cuidador no lar de idosos Svartedalens. As oito
horas diárias o consumiam e o deixavam com pouco tempo para passar com seus
três filhos.
No entanto, a vida de Perez mudou quando Svartedalens foi
selecionada para participar de um experimento. Em 2015, os funcionários
passaram a trabalhar seis horas por dia, sem qualquer redução salarial. A
medida teve por objetivo aumentar o bem-estar dos funcionários. Perez disse que
hoje está cheio de energia, e os moradores do asilo falam que o atendimento que
recebem melhorou. Perez comentou: “Um trabalhador contente é um trabalhador
melhor”.
Não é de hoje que a Suécia é um laboratório para iniciativas que
buscam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Muitos escritórios do país
adotam horários de trabalho flexíveis, e as políticas de licença-maternidade e
paternidade locais estão entre as mais generosas do mundo.
O experimento no lar Svartedalens vai além, ao limitar a carga
de trabalho semanal para 30 horas. Uma auditoria feita em meados de abril
concluiu que, em um ano em vigor, o programa levou à redução das faltas ao
trabalho e à melhora da produtividade e da saúde dos empregados.
“Tivemos 40 anos de uma semana de trabalho de 40 horas. Hoje
temos uma sociedade com índices mais altos de faltas por motivos de saúde e de
aposentadoria antecipada”, disse Daniel Bernmar, líder do Partido da Esquerda
na Câmara Municipal de Gotemburgo, que controla o experimento e espera
instituir a nova carga de trabalho reduzida.
No entanto, adversários da ideia dizem que ela é utópica. Para
eles, se o país inteiro adotasse o dia de trabalho de seis horas, a economia
seria prejudicada.
Um modelo semelhante é debatido na França desde que o governo
socialista instituiu a semana de trabalho de 35 horas, em 2000. As empresas
dizem que a carga horária menor reduziu a produtividade e gerou bilhões de
dólares em custos adicionais de contratação e encargos sociais.
Várias empresas na Suécia que testaram um dia de trabalho mais
curto constataram que ele pode reduzir a rotatividade da força de trabalho,
promover a criatividade e elevar a produtividade, contrabalançando o custo de
contratação de mais funcionários. “Pensamos que a redução da semana de trabalho
nos obrigaria a contratar mais funcionários, mas isso não aconteceu, porque
todo mundo está trabalhando de modo mais eficiente”, disse Maria Brath, que
fundou uma start-up em Estocolmo três anos atrás usando o sistema de seis horas
diárias de trabalho. A empresa, que tem 20 funcionários, vem dobrando sua
receita e seus lucros a cada ano.
No ano passado, o setor de ortopedia do hospital universitário
Sahlgrenska, em Gotemburgo, adotou o sistema de seis horas diárias com 89
médicos e enfermeiros. O setor contratou 15 novos profissionais para compensar
as horas perdidas e ampliar o horário de funcionamento da sala de cirurgia. Ao
custo de US$ 123 mil mensais, o experimento foi caro, disse o diretor-executivo
do setor, Anders Hyltander. No entanto, hoje ninguém falta ao trabalho por
motivo de saúde e a eficiência dos profissionais aumentou.O setor está fazendo
20% mais cirurgias.
O hospital se inspirou no exemplo de um centro de serviços
Toyota que, 13 anos atrás, adotou o dia de trabalho de seis horas para reduzir
o estresse de seus funcionários e as queixas de esperas longas por atendimento.
Porém, outras cidades suecas que testaram o dia de trabalho mais
curto acabaram abandonando a proposta. No lar Svartedalens, Arturo Perez torce
para isso não acontecer. “Hoje a gente sente alegria em trabalhar aqui.”
Liz Alderman – jornalista do New York Times,
responsável pela Europa.