PREVIDÊNCIA PÚBLICA EM XEQUE: OS PROBLEMAS DO ENVELHECIMENTO
POPULACIONAL
De acordo com
o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem experimentado uma
transformação demográfica notável nas últimas décadas.
A expectativa de vida da
população tem aumentado gradualmente, enquanto a taxa de natalidade tem
diminuído.
Ainda de acordo com os dados de 2019 do
Instituto, aos 50 anos, a expectativa de vida é 11,8 anos mais alta do que era
em 1940 (76,6 anos).
Esse cenário resulta em uma crescente proporção de
idosos na população brasileira em relação à população economicamente ativa.
Até 2060, a
população idosa (com 60 anos ou mais) representará cerca de 25% do total
populacional, segundo o Censo 2022.
O total de pessoas com 65 anos ou mais no país (22.169.101) chegou a 10,9% da
população, com alta de 57,4% frente a 2010, quando esse contingente era de
14.081.477, ou 7,4% da população.
Já o total de crianças com até 14 anos de
idade recuou de 45.932.294 (24,1%) em 2010 para 40.129.261 (19,8%) em 2022, uma
queda de 12,6%.
Isso significa que o Brasil enfrentará um aumento significativo
no número de aposentados e beneficiários de programas previdenciários nas
próximas décadas.
Nesse cenário, a
análise atuarial desempenha um papel fundamental na compreensão dos impactos do
envelhecimento populacional sobre a previdência pública.
O principal desafio
atuarial decorrente do envelhecimento é o aumento da pressão sobre as finanças
públicas.
Com uma proporção crescente de idosos em relação à população
economicamente ativa, o sistema previdenciário enfrentará ainda mais
dificuldades para manter o equilíbrio financeiro.
Dados do Ministério da Fazenda demonstram
que o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) teve um déficit de R$ R$ 248,87
bilhões de janeiro a setembro de 2023.
“Isso ocorre, entre outros fatores,
porque o número de beneficiários do sistema está superando o número de
contribuintes, resultando em uma situação insustentável a longo prazo.
Com o
aumento da expectativa de vida e aumento concomitante do número de idosos,
teremos, em um futuro bem próximo, o colapso do sistema previdenciário atual.
Para manter a sustentabilidade desse modelo, deveria haver um aumento
expressivo do número de contribuintes e uma redução no valor das aposentadorias
pagas, que já são baixas”.
Para enfrentar os
desafios atuariais decorrentes do envelhecimento populacional, o Brasil tem
implementado reformas previdenciárias.
A Reforma da Previdência de
2019 foi uma das medidas mais significativas, introduzindo
mudanças nas regras de aposentadoria, como a idade mínima e o tempo de
contribuição.
“São soluções temporárias e paliativas, que não tratam o problema
a longo prazo. O modelo atual deverá ser revisto completamente”, afirma a
especialista.
“Uma das
consequências do modelo atual é a necessidade de aumento das contribuições dos
trabalhadores ativos.
Com menos contribuintes em relação ao número de
aposentados, é preciso buscar fontes adicionais de financiamento para o
sistema”, relata Andrea.
Segundo a
especialista, “outra consequência atuarial do envelhecimento populacional sobre
o modelo atual é a revisão dos benefícios já concedidos.
Isso inclui não apenas
ajustes nos valores, como mencionado anteriormente, mas ainda a avaliação das
regras de elegibilidade e critérios para a concessão de benefícios.
A fim de
garantir a sustentabilidade do sistema, pode ser necessário restringir o acesso
a determinados benefícios ou aumentar os requisitos para sua obtenção”.
“Para mitigar os
impactos atuariais do envelhecimento populacional, é fundamental investir em
políticas que promovam o envelhecimento ativo.
Isso envolve a criação de
oportunidades para que as pessoas mais velhas permaneçam mais tempo no mercado
de trabalho, contribuindo para o sistema previdenciário por mais tempo”,
conclui.
ANDREA
MENTE –
atuária, sócia da Assistants Consultoria