Vida vai ficar melhor sem o rotativo do cartão

O rotativo do cartão será substituído por modalidade mais barata

Finalmente, uma boa notícia. O rotativo do cartão de crédito está com os dias contados. O Conselho Monetário Nacional aprovou uma norma que vai alterar drasticamente os hábitos de consumo de pessoas viciadas em compras no cartão de crédito. O rotativo, limitado a 30 dias, será obrigatoriamente substituído por outra modalidade de crédito, mais barata.

Mais barata quanto? Para pagar como? O governo não regulamentou esse ponto, e haverá livre negociação entre o cliente e o banco.

O parcelamento do cartão de crédito já é oferecido e, embora seja bem mais barato do que o rotativo, ainda é muito caro. Não aceite a primeira oferta que receber. Ela tende a ser melhor para o banco do que para você. Uma oferta padrão não leva em conta a capacidade de pagamento de cada cliente. Os bons pagadores acabam pagando mais para compensar os que não pagam.

Nem pense em usar o limite do cheque especial para pagar o cartão! O cheque especial também é rotativo. Mas, afinal, o que é o crédito rotativo? Um limite de crédito pré-aprovado que você não precisa pedir e pode usar quando quiser, pelo prazo que bem entender. Não tem vencimento. Você pode pagar daqui a alguns meses, ou um pouco por mês, do jeito que for melhor para você

RISCO DE CRÉDITO X JUROS

Juros sobre R$ 1.000 por um ano

Cartão de crédito rotativo.. ...562,59 % aa

Cheque especial  .................305,45 % aa

Cartão de crédito parcelado...134,45 % aa

Empréstimo pessoal  ...........113,49 % aa

Consig. setor privado ........... 38,73 % aa

Consig. setor público .............25,45 % aa

E não preciso de um fiador? Não, não precisa. O banco acredita que você vai pagar o que deve, fique tranquilo. Bom demais pra ser verdade, não é? Tá explicado por que é tão caro. Quanto maior o risco de crédito (calote), maior será a taxa de juros para compensar o risco.

Muitos acham que pedir empréstimo é constrangedor, ficam com vergonha, acham complicado conseguir um avalista. Relaxa, não tem nada de errado conversar com o gerente do banco e dizer que precisa de um empréstimo. Ele vai adorar! É para isso que os bancos existem, captam dinheiro de quem tem excedente de caixa e emprestam para quem precisa de dinheiro. E são muito bem remunerados por essa atividade. Se for o crédito certo, para o cliente que pode pagar, é um bom negócio para ambas as partes.

O site do Banco Central divulga a taxa de juros praticada pelas instituições financeiras em cada modalidade de crédito. É impossível falar em média, tamanha a diferença entre a maior e a menor taxa de juros. Para montar a tabela, escolhi aleatoriamente um grande banco de varejo e as taxas praticadas por ele na segunda semana de janeiro.

Quem usa o rotativo do cartão paga quatro vezes mais juros do que os que optam pelo parcelamento do cartão. Se tiver acesso a um crédito consignado, risco baixo, já que é debitado direto na folha de pagamento, o montante de juros será bem menor. O rotativo é 22 vezes mais caro que o consignado! Os números deixam claro que existe remédio menos amargo. Para conseguir crédito mais barato, é preciso demonstrar capacidade de pagamento, que se consegue com planejamento e disciplina.

O susto será grande para muita gente, que será forçada a repensar os hábitos de consumo. Quem não fizer mudança radical na forma como utiliza o cartão pode acabar trocando um remédio amargo por outro menos amargo, mas tão nocivo quanto. É preciso cortar o mal pela raiz, aprender a viver sem o parcelamento do cartão, limitar os gastos ao montante que cabe no orçamento de cada mês.

Espero que o consumidor aproveite a oportunidade e aprenda a viver sem o maldito rotativo e esteja disposto a pesquisar e negociar melhores condições de pagamento. Aos bancos fica a reflexão de que não ganham dinheiro quando o cliente contrata um empréstimo. Ganham quando e se o cliente paga. Quando o crédito é bom para os dois lados, não tem perdedor nessa história.

Marcia Dessen - planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'.

Fonte: coluna FSP

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