Pesquisa realizada pela
Universidade Federal de Pelotas estimou que o verdadeiro número de pessoas que
já foram infectadas pelo #coronavirus no Brasil é pouco mais de 7 vezes maior
do que o total de casos confirmados. Portanto, a letalidade real do vírus no
país até aqui foi de 1/7 da letalidade medida, isto é 1%.
2,94 milhões de pessoas - 1,4% dos
brasileiros - já teriam anticorpos e, em tese, estariam imunizadas.
Especialistas estimam que entre 50% e 80% da população teriam de ter anticorpos
para se atingir a imunidade de rebanho, quando a transmissão da doença é
controlada pela própria dificuldade do vírus em encontrar novos indivíduos para
infectar.
Mesmo considerando-se a estimativa
inferior para imunidade de rebanho (50%), mais 102 milhões de brasileiros ainda
teriam de ser infectados até isso acontecer. Infelizmente, isso significaria
que, mantida a letalidade observada até aqui, ao menos mais um milhão de
pessoas teriam de morrer de #coronavírus no país até atingirmos a imunidade de
rebanho.
Até que uma vacina ou tratamento
completamente eficaz esteja disponível, as alternativas para limitar a
transmissão são cuidados de higiene, testes, monitoramento e medidas de
distanciamento físico.
O grande desafio é equilibrar a
necessidade de salvar vidas com a necessidade de salvar empregos - e, por
consequência, também vidas - e ainda preservar nossas liberdades individuais.
Na prática, até que uma vacina
esteja disponível, só há 3 alternativas, todas com custos ou riscos elevados:
1) para proteger a economia e os
empregos, relaxa-se o distanciamento, com risco real de termos mais de um
milhão de mortos por coronavírus no país,
2) para proteger a vida, reduzindo
o número de mortos e mantendo nossa privacidade, mantemos algum grau de
distanciamento social até uma vacina estar disponível em grande escala, o que
não deve acontecer antes do ano que vem, causando um colapso da economia,
3) para salvar vidas e a economia,
abrimos mão de privacidade, permitindo que autoridades de Saúde tenham acesso a
nossos dados de celular e até gastos de cartão de crédito para monitorar
infectados e pessoas que tiveram contato com eles, como fazem países asiáticos
que tiveram mais sucesso em controlar a #pandemia . O risco é que estes dados
venham a ser usados para outros fins. Além disso, precisaríamos ser capazes de
testar a população em massa, o que até agora não aconteceu.
Na prática, ao longo do tempo,
acredito que teremos de optar por um misto das três opções, com concessões de
cada um dos lados. Não tenho dúvidas de que, como sociedade, venceremos esta
batalha. mas para minimizar os elevadíssimos custos para saúde, economia e
privacidade, precisamos de análises sérias, desapaixonadas, realistas e
construtivas de todas as opções e os custos e riscos de cada uma delas.
#pandenomics
Ricardo Amorim - autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection da Globonews.