O
estrategista não tem todas as respostas, mas precisa fazer as perguntas.
Este é o mundo da estratégia. Sua empresa deve ter uma.
Agora, deixe-me perguntar: ela é executada como estava
no papel? Ela é factível? Ela é simples ou é complicada? No que ela lhe
diferencia? O que faz sua estratégia ser sua estratégia? Será que não é melhor
copiar uma estratégia já testada? Você tem uma estratégia ou uma tática? Suas
táticas levam à sua estratégia? Sua empresa “comprou” sua estratégia? (Porque
se não compra, não vende.) Sua empresa entendeu a estratégia? Sua mulher, seus
filhos, sua mãe, seu melhor amigo entenderam? Alguém entendeu sua estratégia?
Você comunicou bem à empresa sua estratégia? Os bônus
estão alinhados com sua estratégia? Ou a estratégia vai para um lado e a
empresa para outro? Sua estratégia combina com esses tempos? Com esse mundo?
Com esse consumidor? Ou sua estratégia é incrível só que no século errado, na
década errada, no ano errado? Ela está no país errado?
Sua estratégia bate com o seu setor? Com sua empresa?
Com sua marca? Com seu consumidor? Sua comunicação diz e executa a estratégia?
Quem vê sua comunicação entende ou intui a sua estratégia? A produção do filme,
do anúncio, do outdoor, do site, do app, da rede social tem a cara da sua
estratégia? Sua embalagem, seu logo, sua tipologia têm a cara da sua
estratégia?
Sua estratégia comercial está alinhada com sua estratégia?
Os talentos de sua empresa estão à altura ou coerentes com sua
estratégia? A execução de sua estratégia é veloz e
eficaz ou é um mar de reuniões? Ela é uma estratégia ou é uma vontade? É uma
vontade dos acionistas/CEO ou ela é uma estratégia da companhia?
Você ama ou odeia sua estratégia,
como parar de fumar, começar a correr, parar de comer glúten, que são coisas
que as pessoas querem, mas odeiam?
O estrategista não tem todas as respostas, mas precisa
fazer as perguntas. Perguntar à empresa, ao consumidor, ao mercado e à
sociedade. Sua publicidade está compatível com sua estratégia
e entende sua estratégia? Ela é remunerada e engajada à altura da sua
estratégia?
Toda empresa e tudo nela precisa estar alinhado com a
estratégia. Não há estratégia de comunicação sem pessoas alinhadas. Se o
estagiário e o recepcionista não entendem a estratégia, é porque a estratégia
da estratégia está errada.
Por isso que, ao invés de consultor, decidi ser coach.
Vi outro dia a série “The Playbook”, em que alguns dos maiores técnicos
americanos dividem seus pensamentos sobre gestão de pessoas. O único dia que o
técnico fica fora do campo é no dia do jogo. Em todos os outros momentos, ele
está lá no meio do time e do campo.
Tenho estudado muito sobre estratégia. Felicidade é uma
estratégia. Saúde, também. Peso (salvo enorme propensão genética), também. O
que é uma final de Roland Garros, Nadal contra Djokovic? Estratégia,
estratégia, estratégia.
Lá em cima tem 36 perguntas. Ponha-as no papel.
Responda-as a você mesmo. Veja onde sua empresa está e depois busque pessoas
que não têm nada a ver com a sua empresa, mas que representam o seu
público-alvo, e faça essas mesmas perguntas.
Essas pessoas são suas consultorias gratuitas e
acessíveis, que você tem em sua casa e em seus relacionamentos.
A McKinsey é espetacular, mas tem coisas que seu
cunhado, seu dentista e sua sogra sabem responder ou perguntar sobre sua
estratégia com uma assertividade absurda.
E, por fim, veja a Natura, a Volvo e o Atacadão. Quantas
linhas você precisa para descrever a estratégia delas? Pois é. Quando a
explicação é simples, o acerto da estratégia fica óbvio.
Nizan
Guanaes - empreendedor, criador da N
Ideias.
Fonte:
coluna jornal FSP