Escrevi, no início da Copa, que, depois do Brasil, iria torcer
para o Chile, pelo estilo diferente. Na quarta (18), fiquei alegre, e também
triste, com a eliminação e o declínio da Espanha. É a transitoriedade das
coisas. Um dos motivos foi ter enfrentado duas ótimas seleções. Outra, o envelhecimento
de alguns jogadores. Uma terceira é que os grandes times se acostumam com a
rotina das vitórias. Aí, começam a perder. Além de tudo isso, faltam à Espanha
atacantes excepcionais (centroavantes ou meias-atacantes artilheiros).
Nos últimos tempos, os craques, nessa posição, no Campeonato
Espanhol, foram os de fora (Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho, Messi,
Cristiano Ronaldo e outros). O meio-campo da Espanha é tão espetacular que,
mesmo sem um craque no ataque, ganhou duas Eurocopas seguidas e uma Copa do
Mundo. Com o declínio dos armadores, a deficiência no ataque ficou mais
evidente.
No Brasil, ocorre o contrário. Ao longo dos anos, tivemos
excepcionais atacantes, como os já citados e mais Kaká e, agora, Neymar. Por
outro lado, sumiram os craques do meio-campo. A razão disso foi a medíocre
divisão feita, no meio-campo, pelos treinadores, desde as categorias de base,
entre os volantes que marcam, como Luiz Gustavo, e os meias-atacantes que
atacam, como Oscar, Willian, Bernard, Hulk, Hernanes e mesmo o volante
Paulinho, que passa todo o jogo tentando se infiltrar para marcar o gol.
Esquece que é armador.
O Barcelona e a Espanha deram uma enorme contribuição ao futebol
mundial. As grandes seleções e times incorporaram muito o estilo bonito e
eficiente dos espanhóis e acrescentaram vários detalhes importantes. Essa
mistura é a razão do excelente futebol que vemos hoje na Copa.
Espanha, obrigado! Arrepiei muito ao ver tantas belas partidas.
Te aplaudo de pé.
Tostão
– médico e ex-jogador,
é colunista do jornal Folha de São Paulo.
Fonte: jornal Folha de São
Paulo