Metade
dos investidores brasileiros não entende sequer como a inflação come seu
dinheiro.
O “mercado” está fazendo suas apostas. Vacina à vista?
Retomada do varejo? Cada hora um motivo é eleito para despejar mais algumas moedas no pote das ações.
Mas o investidor comum, pessoa física, gente como a
gente, pode estar levando o maior tombo e, a depender da publicidade, sorrindo.
A verdade é que metade dos investidores brasileiros não
entende sequer como a inflação come seu dinheiro.
Um a cada dois erra a resposta para a seguinte pergunta:
“Imagine que o rendimento de seu investimento é de 1% ao ano e a inflação foi
de 2% ao ano. Depois de um ano, quanto você imagina que poderá comprar com o
dinheiro que ficou aplicado nesse período?”
A resposta correta é “menos do que hoje”, mas 27% acreditam que poderiam comprar mais com
um investimento que rende menos que a inflação. Vinte porcento creem que poderão
comprar exatamente o mesmo. E 2% não souberam responder.
Isso entre os que são classificados como investidores,
ou seja, que foram além de economizar no ano passado.
Os dados vêm de uma pesquisa feita pela Anbima
(Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) com
mais de 3,4 mil pessoas em quase 150 municípios.
E, ainda segundo a pesquisa, a maior parte dos
investidores (40%) busca se informar sobre o tema com seu gerente do banco ou
assessor financeiro. Justamente a turma que está trocando acusações,
publicamente, sobre não serem transparentes em relação ao que falam para seus
clientes.
Depois que o Itaú partiu para o ataque contra a XP,
questionando o fato de seus agentes autônomos receberem com base na venda de
produtos financeiros, independentemente de serem as opções certas para seus
clientes, as redes sociais viraram um espaço para “torcedores” de bancos e
corretoras trocarem acusações.
Enquanto o maior banco do Brasil e a corretora da qual
ele detém quase a metade das ações ganham manchetes e defensores aguerridos nas redes,
gerentes continuam na busca por atingir metas, sem qualquer relação com os
resultados para seus clientes, e assessores seguem recebendo rebate pelos
produtos que vendem.
Enquanto a educação do investidor não for uma
prioridade, a “festa” dos 100 mil pontos do Ibovespa seguirá servindo champanhe
para lobos, guaraná para alguns e salgadinho frio para a grande maioria de seus
convidados.
Se quiser beliscar alguma coisa melhor no buffet, em vez
de cantar parabéns, o melhor a fazer é pesquisar se as empresas cujas ações te
interessam têm algo planejado para depois da festa.
Marcos
de Vasconcellos - jornalista, empreendedor e
fundador do site Monitor do Mercado.
Fonte:
coluna jornal FSP