Prepare-se para várias renegociações de dívidas
Não
deixe que os débitos em atraso se tornem bolas de neve.
Muitos acontecimentos vão marcar 2022. Por exemplo,
as eleições presidenciais, fundamentais
para que o PIB (Produto Interno Bruto) volte a
crescer, levando à geração de empregos e de renda.
Este ano também será
marcado, certamente, pela negociação de contas com fornecedores públicos e privados.
E pela renegociação da negociação, por quem não conseguir honrar os acordos de
pagamentos dos débitos em atraso.
Não deixe as dívidas se tornarem bolas de neve,
pois aumentam à medida que o tempo passa.
Ao primeiro sinal de que não terá
condições de pagar em dia, procure a loja, o prestador de serviços ou a
repartição pública.
Exponha sua situação, comprove a perda de renda ou de
emprego com total transparência. Converse, argumente, negocie, peça mais prazo
e melhores condições de pagamento.
É sempre mais vantajoso fazer isso do que ter um
serviço cortado e o nome incluído no cadastro de devedores.
Quando a iniciativa
de negociação parte de quem deve, há mais chance de que consiga um acordo
melhor.
Mas devo ressaltar: a renegociação das dívidas só terá um efeito
positivo se o devedor mudar seus hábitos de consumo, cortando despesas
supérfluas e economizando em itens como energia elétrica, combustíveis e gás de
cozinha, para citar alguns cujos preços estão na estratosfera.
Mais de 64% das pessoas que renegociaram suas dívidas em 2020
voltaram a atrasar contas ao menos uma vez, apurou pesquisa nacional da Boa
Vista, empresa de análise de crédito.
Desemprego e oscilação da renda foram os
principais fatores para esta inadimplência renovada.
Correção, multa e juros em cascata, por outro lado, podem deixar
os débitos fora do controle do consumidor.
Em 2021, 70,9% das famílias
brasileiras tinham dívidas, índice que atingiu 76,3% em dezembro último,
conforme Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada
pela Confederação Nacional do Comércio.
E há tendência de crescimento das contas atrasadas,
ou seja, da inadimplência.
Como o desemprego, a inflação e os juros continuam muito
elevados, e a renda achatada, não há, lamentavelmente, como prever um cenário
melhor ao longo deste ano.
Lembre-se: especialistas sempre advertem para os
riscos do uso do crédito rotativo do cartão. Além disso, pagar a dívida de um
cartão com outro, empurrando-a para frente, é trilhar o caminho da ruína
financeira.
Um exemplo de negociação positiva é trocar as
dívidas do cartão de crédito, que têm taxas estratosféricas, por crédito
consignado ou direto ao consumidor, com juros mais civilizados.
Outra saída pode ser a portabilidade bancária
–transferência de operações de crédito de um banco para outro, quando há oferta
de CET (Custo Efetivo Total) menor. O CET engloba despesas, taxas e custos do
crédito.
Para ter saúde financeira, vale a pena até se
desfazer de parte do patrimônio.
Mas de nada adiantará este sacrifício se o
orçamento estiver desequilibrado. Pior ainda se não houver orçamento mensal.
Outro lembrete: o voto é o instrumento mais
importante para piorar ou melhorar nossas vidas. Se duvida disso, não se
esqueça de que a tabela do IR (Imposto de Renda) acumula defasagem de 134,52%.
Segundo levantamento da Unafisco Nacional (Associação Nacional dos Auditores da
Receita Federal), sem a correção devida, 15,1 milhões de contribuintes que
deveriam ser isentos, terão de pagar IR este ano.
Olhe com mais respeito, então, para seu Título de
Eleitor.
MARIA
INÊS DOLCI - advogada especializada na área da defesa do
consumidor.