Jorge Simino, da Funcesp: “Maio foi um mês difícil, junho ainda
está difícil, mas tem muita coisa para acontecer”
O impacto nos mercados financeiros causado pela revelação do
conteúdo da delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da
JBS, não deixou de fora os fundos de pensão. Ainda assim, os bons resultados
obtidos principalmente nos três primeiros meses do ano ainda sustentam os
números no território positivo em 2017, caso de entidades como a Funcesp, dos
funcionários de empresas elétricas de São Paulo, e a Fundação Real Grandeza, de
Furnas.
A Funcesp, maior fundo de pensão patrocinado por empresas
privadas, teve rentabilidade de 4,45% entre janeiro e maio diante de uma
meta atuarial de 2,19% no período. A maior parte dos ganhos veio do primeiro
trimestre, quando o retorno atingiu 5,97%. “Maio foi um mês difícil, junho
ainda está difícil, mas tem muita coisa para acontecer”, afirmou ao Valor o
diretor de investimentos da entidade, Jorge Simino.
O escândalo da gravação dos sócios da JBS com o presidente
Michel Temer veio à tona na noite de 17 de maio. No quinto mês do ano, a
fundação teve perdas de 1,02%. A meta atuarial é atrelada ao IGP-DI e ficou
negativa em 0,76% em maio.
Diante das incertezas do cenário político e também do econômico,
a entidade ainda não decidiu como irá reinvestir uma fatia de R$ 1 bilhão em títulos
do Tesouro (NTNC) com vencimento em 1º de julho. “O grau de incerteza é muito
grande essa palavra apareceu na ata do Copom 17 vezes… Dada a situação hoje,
vamos ver como será em julho”, disse Simino.
Sérgio Wilson Ferraz Fontes, presidente da Fundação Real
Grandeza, diz: “Sofremos um grande impacto, mas já tivemos uma recuperação de
lá para cá. Como tínhamos uma rentabilidade muito alta, vínhamos batendo
recordes, esse impacto não foi suficiente para perder a meta dos planos”.
Até 31 de maio, o plano de benefício definido (BD), maior e mais
maduro da fundação, tem ganho anual de 4,46%. A meta atuarial para o
período é de 3,9%. No plano de contribuição definida (CD), os ganhos acumulados
foram de 5,43% até maio, bem acima da meta de 0,36% isso porque o objetivo
tem como base o IGPDI (que computa deflação) mais uma taxa de 5,61% ao
ano.
O resultado, no entanto, adiou os planos da fundação de
equilibrar a carteira de títulos diante dos desembolsos previstos. Antes do
debacle do mercado no dia 18 de maio, o plano BD tinha uma estimativa de
superávit de R$ 200 milhões, ante um resultado negativo de pouco mais de R$ 600
milhões em dezembro.
“Você faz um estudo mais completo do fluxo de recebimento de
cupons de títulos públicos com o passivo e reduz o risco da carteira”, afirmou
Fontes. Agora, o déficit está em torno de R$ 500 milhões, o que representa 4%
do plano. “É muito pouco. Se houver uma melhora do ambiente político e,
consequentemente, do econômico acreditamos que podemos virar o ano equilibrados.”
Com o recuo do Ibovespa, a fundação vendeu uma parte das ações
quando o índice chegou aos 63 mil pontos fechou a 61.626 pontos, algo já
previsto. “Estamos em uma situação mais confortável do que a maioria do
mercado. Nossa rentabilidade está acima dos 20 maiores fundos fechados”,
afirmou. No plano de benefício definido, o vencimento de títulos públicos
está previsto a partir de 2021.
Na Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, o
resultado do Plano 1, de benefício definido, nos quatro primeiros meses do
ano foi de 3,84% a meta era de 2,72%. No caso do fundo de contribuição
definida, o Previ Futuro, o ganho foi de 5,36%, acima da meta atuarial, de
2,72%.
Na Petros, fundação da Petrobras, os dados até abril
mostram ganhos de 3,45%, ante meta de 3,04%. O resultado foi impulsionado
pela boa performance da renda fixa, que corresponde a 60% dos
investimentos da fundação e soma alta de 5,38% até abril. Em ambas as
fundações, o resultado do turbulento mês de maio ainda não foi computado.
Fonte: Valor Econômico