Panorama da Saúde Suplementar


Panorama da Saúde Suplementar

A nova edição do Panorama da Saúde Suplementar divulgada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) traz um cenário otimista para o setor, evidenciando tanto o crescimento do número de beneficiários em planos médico-hospitalares quanto a ampliação dos vínculos em planos exclusivamente odontológicos. 

Os dados, referentes ao quarto trimestre de 2024 e aos primeiros meses de 2025, apontam perspectivas de consolidação e avanços regulatórios em diversos aspectos.

De acordo com o relatório, o total de beneficiários de planos de assistência médica atingiu a marca de 52,2 milhões em janeiro de 2025. Em relação ao mesmo período do ano anterior, verificou-se um incremento de 1,96%. 

Ainda mais expressiva foi a evolução do segmento odontológico, que cresceu 6% no mesmo intervalo, chegando a 34,4 milhões de usuários e demonstrando forte adesão da população a este tipo de cobertura.

Outro dado relevante para se entender a dimensão do setor está na quantidade de operadoras em atividade. 

Segundo a ANS, há 669 companhias que oferecem planos médico-hospitalares com beneficiários ativos e 322 que disponibilizam coberturas exclusivamente odontológicas. 

O panorama reflete, portanto, um cenário marcado pela diversidade de ofertas e pela competitividade entre empresas de diferentes portes.

Na esfera econômico-financeira, o segmento vive um dos melhores momentos dos últimos anos. As operadoras médico-hospitalares encerraram o ano de 2024 com lucro líquido acumulado superior a R$ 10 bilhões. 

Esse montante não apenas confirma a recuperação posterior ao período crítico da pandemia, mas também supera resultados observados em períodos pré-pandêmicos.

Um dado que chama atenção nesse contexto é a queda da sinistralidade média, indicador que expressa o percentual das mensalidades (contraprestações) efetivamente gasto com despesas assistenciais. 

No quarto trimestre de 2024, a sinistralidade agregada atingiu o menor nível da série histórica, evidenciando ganhos de eficiência na gestão dos planos e controle de custos.

Ao observar a evolução da frequência de utilização de serviços de saúde, o relatório destaca certa estabilidade no volume de consultas, exames, internações e demais atendimentos em comparação com períodos anteriores. 

Após as oscilações significativas vivenciadas em 2020 e 2021, a demanda por procedimentos retomou patamares próximos aos níveis pré-pandêmicos, sem grandes saltos ou quedas abruptas.

Especificamente nos planos odontológicos, a tendência de recuperação e ligeiro acréscimo na frequência de procedimentos confirmou a importância dessa modalidade de cobertura para o consumidor. 

Mesmo com oscilações registradas nos últimos anos, em 2024, os procedimentos odontológicos voltaram a mostrar índices próximos aos verificados antes das restrições impostas pela pandemia.

A análise detalhada do Padrão TISS (Troca de Informações na Saúde Suplementar) demonstrou, ainda, variações positivas nas despesas médias de eventos como internações e consultas médicas. 

Houve elevação nos valores pagos por procedimento, notadamente no auge do período pandêmico, com internações apresentando picos de gastos. 

Já os procedimentos odontológicos mantiveram, ao final de 2024, custos bem próximos aos patamares iniciais de 2019.

No que se refere à utilização do Sistema Único de Saúde (SUS) pelos beneficiários de planos de saúde, a publicação apontou que cerca de 1,7% das internações realizadas no SUS são de pacientes que possuem cobertura médico-hospitalar privada, gerando os chamados processos de Ressarcimento ao SUS. 

Embora não represente um grande percentual do total de internações públicas, esse dado ilustra a dinâmica de uso conjunto dos sistemas público e privado de saúde.

Em termos financeiros, o ressarcimento de valores pelas operadoras ao Fundo Nacional de Saúde (FNS) apresentou oscilações importantes. 

Após um pico de R$ 1,5 bilhão cobrados em 2019, observou-se uma redução para pouco mais de R$ 725 milhões em 2023. Em 2024, os valores voltaram a crescer, chegando a R$ 956,7 milhões cobrados, com repasses efetivos de R$ 769,42 milhões ao FNS.

No plano regulatório, a ANS reforçou a transparência do setor com o lançamento, em março de 2025, de um painel dinâmico para acompanhar a Taxa de Intermediação Resolvida (TIR). 

Esse indicador, calculado com base nas reclamações tratadas na Notificação de Intermediação Preliminar (NIP), visa refletir a capacidade de as operadoras resolverem as demandas dos clientes de forma mediada e consensual, evitando a abertura de processos mais complexos.

O Índice Geral de Reclamações (IGR) também registrou melhorias, caindo tanto para os planos de assistência médico-hospitalar quanto para os planos exclusivamente odontológicos. 

Em 2024, a média de queixas formalizadas por 100 mil beneficiários manteve-se relativamente estável e, nos primeiros meses de 2025, observou-se redução no número de reclamações, indicando evolução nos níveis de satisfação dos beneficiários.

Outra iniciativa de destaque refere-se à disponibilização de novos conjuntos de dados abertos em 2025. Entre eles, está o “Percentuais de Reajuste de Agrupamento”, que fornecerá uma série histórica de reajustes por operadora. 

Tal informação possibilitará o cruzamento de dados sobre custos, valores e aumentos aplicados ao longo do tempo, permitindo maior previsibilidade e fiscalização social.

O segundo conjunto previsto é a “Classificação Prudencial das Operadoras de Planos de Saúde”. Essa base trará dados sobre a categorização das operadoras sob a ótica prudencial, considerando riscos e exigências de solvência diferenciadas. 

A medida faz parte de uma regulação mais proporcional, que busca adaptar requerimentos de capital ao porte e às especificidades de cada empresa.

Já o “Painel de Indicadores de Glosa” organizará informações sobre faturamento, valores glosados e prazos de pagamento das operadoras, oferecendo visibilidade sobre um tema fundamental para prestadores e para a sustentabilidade do sistema. 

A intenção é facilitar o monitoramento de possíveis conflitos, bem como promover a transparência no relacionamento financeiro entre operadoras e prestadores.

Somando-se a essas ações, a ANS enfatiza que o Plano de Dados Abertos (PDA/ANS) faz parte de um esforço continuado para fomentar a cultura de transparência e o controle social. 

Em vigor desde 2017, essa política segue aperfeiçoando a liberação de bancos de dados que interessam a operadoras, prestadores, beneficiários, pesquisadores e demais atores do setor.

Até o momento, a Agência já disponibilizou 59 conjuntos de dados, catalogados no Portal Brasileiro de Dados Abertos, que incluem, por exemplo, bases com características dos produtos, histórico de reajustes, dados de produção assistencial e reclamações de beneficiários. 

Todos podem ser livremente acessados e reutilizados, desde que seja mantida a devida atribuição de crédito.

Entre os conjuntos mais acessados em 2024, destacam-se o de “Características dos Produtos da Saúde Suplementar” e o “Histórico do IDSS” (Índice de Desempenho da Saúde Suplementar), com milhares de downloads ao longo do ano. 

Tal volume de consultas indica o forte interesse de pesquisadores, gestores públicos e da própria sociedade em conhecer melhor a dinâmica desse mercado.

O relatório também cita o esforço regulatório para desburocratização e simplificação de procedimentos, consolidado em normativas recentes. 

Em dezembro de 2024 e janeiro de 2025, foram publicadas diversas Resoluções Normativas que atualizam o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, definem regras para o Sandbox Regulatório e ampliam a participação de novas representações na Câmara de Saúde Suplementar (CAMSS).

Além disso, foram estabelecidas novas regras para o atendimento das solicitações assistenciais e não assistenciais feitas pelos beneficiários, em qualquer modalidade de contratação. 

A ANS reforça que o objetivo é oferecer maior celeridade na análise de pedidos e transparência quanto aos prazos e procedimentos internos das operadoras.

No que diz respeito ao Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, cinco novas tecnologias foram incorporadas apenas no primeiro trimestre de 2025. 

Os grupos contemplados vão desde terapias antineoplásicas orais e imunobiológicas até testes diagnósticos e procedimentos cirúrgicos, assegurando maior abrangência de coberturas aos beneficiários.

A participação social nos processos de atualização do Rol permanece intensa. Os canais de consulta pública e audiências públicas realizados pela ANS alcançaram milhares de contribuições no quarto trimestre de 2024. 

Diversos segmentos da sociedade, incluindo representantes da indústria farmacêutica e de equipamentos médicos, passaram a ter voz mais ativa nas discussões regulatórias.

Como resultado prático, a elaboração das normativas se torna cada vez mais ampla e representativa. A combinação de escuta ativa e transparência na divulgação de informações é vista pela ANS como estratégica para aprimorar a regulação e fortalecer a confiança dos usuários nos planos de saúde.

Para monitorar a evolução de normativas e resoluções, o Painel de Estoque Regulatório, lançado em outubro de 2024, apresenta estatísticas, documentos de Análise de Impacto Regulatório (AIR) e consolida, em uma única plataforma, as principais informações sobre os atos em vigor. 

O usuário tem acesso rápido às minutas e às justificativas regulatórias, permitindo acompanhamento em tempo real das mudanças na legislação.

No âmbito econômico, especialistas avaliam que o crescimento sustentável do setor depende de um equilíbrio delicado entre expansão do número de beneficiários, controle de custos e investimentos em inovação. 

A consolidação do segmento odontológico, por exemplo, tem se mostrado um fator de diversificação das receitas das operadoras, contribuindo para resultados financeiros robustos.

A manutenção de resultados positivos, no entanto, demanda atenção constante aos indicadores de qualidade, sobretudo num contexto em que a longevidade da população e a adoção de novas tecnologias médicas podem pressionar despesas assistenciais. 

Nesse sentido, a queda da sinistralidade, quando acompanhada de bons indicadores de satisfação do beneficiário, reforça a percepção de um modelo mais eficiente.

Observa-se, ainda, que a transparência dos dados, a disponibilização de painéis dinâmicos e a abertura de novas bases de informação reforçam a competitividade e a capacidade de avaliação do setor pela sociedade. 

A melhor compreensão de valores de mensalidades, reajustes e despesas torna possível que contratantes e analistas do mercado comparem diferentes planos e prestadores de forma objetiva.

Com a agenda de divulgação de dados para 2025, a ANS sinaliza que a tendência de transparência deve se intensificar. 

Ferramentas como a TIR, o índice de reclamações e a classificação prudencial das operadoras formam um ecossistema informacional que permite identificação de boas práticas e eventuais pontos críticos.

Esse processo de aprimoramento regulatório, somado a iniciativas voltadas ao diálogo com o setor, favorece a competitividade saudável, a redução de conflitos judiciais e a consolidação de mecanismos de resolução de problemas de maneira extrajudicial. 

Consequentemente, beneficiários, operadoras e prestadores tendem a ganhar em segurança jurídica e em estabilidade nas relações contratuais.

Ao final, o Panorama da Saúde Suplementar ressalta, de forma abrangente, a evolução do mercado e os desafios que ainda se colocam. 

Entre eles, destacam-se a necessidade de incorporação de tecnologias de forma sustentável, a ampliação do acesso a diferentes modalidades de planos e a busca por modelos assistenciais centrados na qualidade e eficiência. 

A ANS, por sua vez, reforça seu compromisso com a transparência e a regulação equilibrada, visando um setor cada vez mais sólido, acessível e em sintonia com as demandas da sociedade.

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