Quase 4 milhões de pessoas usaram o cheque especial todos os meses. Isso mesmo, todos os meses do ano. No começo do mês, a pessoa recebe o salário e sai do vermelho. Os gastos do dia a dia vão ocorrendo e, antes do mês terminar, a conta corrente volta para o negativo. Essa é a rotina.
Uma pessoa que, em todo o final de mês, toma dinheiro emprestado do banco no cheque especial está a caminho do precipício. E sem perceber. Durante um bom tempo, a pessoa vai achando que as coisas estão sob controle. No fim do mês, a conta está no vermelho, o que é meio chato. Mas aí um mês novo começa, o salário cai, o vermelho vira azul e tudo parece estar bem novamente.
O problema é que a dinâmica dos juros sobre juros é cruel. Os juros do cheque especial são de aproximadamente 13% ao mês. Com os juros nesse nível, essa dinâmica mensal do “entra no vermelho, sai do vermelho” fica mais ou menos estável durante uns 4 anos. Até que, de repente, a coisa explode. A pessoa começa a entrar no vermelho cada vez mais cedo. A partir do 5o ano, o salário já não é mais suficiente para fazer a conta ficar no azul. De repente, não mais que de repente, o que parecia sob controle vira caos.
Se você é uma dessas 4 milhões de pessoas que todo o final de mês entra no cheque especial, pare tudo e procure ajuda. Corte gastos, aumente a receita, venda o carro, faça alguma coisa. Faça qualquer coisa. Só não continue assim. Embora tudo pareça sob controle , você está rumando para o abismo. O desastre para o viciado no cheque especial virá com 100% de certeza.
Fonte: coluna Por quê? jornal FSP