Um olhar de constantes aprendizados e
ensinamentos
Estudiosa do que se pensa e faz de melhor no Mundo em matéria de
Previdência, a Abrapp trouxe agora para a agenda brasileira o termo
“micropensões”.
É que, orgulhosa de seu denso conteúdo técnico, uma das maiores
riquezas que construiu ao longo de uma trajetória de quase meio século de vida,
a Associação viu em algumas bem-sucedidas experiências desenvolvidas em
diversas nações de renda média e baixa uma útil inspiração para o enfrentamento
de problema para o qual buscamos solução também no Brasil.
Esse
problema, que é do Brasil e de muitas outras nações, consiste em tentar
garantir uma renda na aposentadoria para milhões de trabalhadores informais,
cujo número já é enorme e tende a continuar crescendo, em um claro desafio para
os modelos previdenciários tradicionais.
Quando pensamos neles, é claro, nos
vêm à cabeça de imediato as histórias do Uber e do IFood, embora saibamos que
as fronteiras da informalidade ou adoção de modelos autônomos sejam muito mais
largas.
As
experiências globais destinadas a atingir essa multidão que cresce atendem pelo
nome de “micropensões”.
Atenção, porém, porque o seu aproveitamento pela Abrapp
é apenas um exemplo, por ser o mais recente, dos bons resultados alcançados
pela dedicação dos especialistas da Associação ao estudo das experiências
que se destacam no Mundo. Algo que, é claro, pode render frutos aqui.
Seguramente
não é de hoje que estudamos, sempre de olho no Mundo, em como atender aos
deixados para trás pela “gig economy”.
E, com certeza, não faltam razões para
isso, considerando que, segundo estimativas da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), o nível de informalidade chega nos países de renda média,
como o Brasil, a girar em torno de 55%.
Em resposta a tal desafio, as
“micropensões” abrem a possibilidade de flexibilidade tanto na periodicidade
como no valor das contribuições vertidas pelos informais, de modo a assegurar
aposentadorias acessíveis e sobretudo em montantes que sejam viáveis.
Modelos
de micropensões, com diferentes graus de sucesso, existem na Índia, China,
Mongólia, Bangladesh, Filipinas, Guatemala, Honduras e Chile.
Em todos
esses casos há diferenças a considerar, de vez que a abordagem é sempre
particular, levando em conta o grau de bancarização, o nível financeiro e
a educação no trato do dinheiro.
A exata compreensão de tais
particularidades locais, e dos efeitos sobre o seu aproveitamento no Brasil,
pedem uma análise ainda mais refinada dos estudiosos.
Cumprindo a sua parte, a
Abrapp já estuda o desenvolvimento de um produto previdenciário nessa
linha made in Brazil.
Sim, a
Abrapp é craque em estudar o que se passa no Mundo.
Há quase três décadas
promove um evento anual para monitorar in loco as realidades
previdenciárias em diferentes países e continentes.
A última dessas incursões,
o seminário “A Estrutura da Previdência na Europa”, aconteceu entre maio e
junho do ano passado em Madri (Espanha) e a exemplo dos anos anteriores reuniu
mais de 35 altos dirigentes de associadas, lideranças amplamente capazes de
absorver o que havia de melhor a ver e repassar para os seus times.
Ainda
no ano passado, a nossa presença internacional se viu reforçada pelo patrocínio
do G20 Pensions, evento paralelo que a Abrapp promoveu em parceria
com o World Pensions Council, durante o encontro de líderes
do G20, no Rio.
E
diga-se que esse olhar para o Mundo e aprender com isso – e não raro ensinar
aos outros países – nos levou a estreitar relações com diferentes instituições
sejam governamentais ou acadêmicas.
E não deixando de fora organismos
multilaterais como a Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico
(OCDE), nossa parceira em inúmeros projetos.
Esse
trabalho junto aos melhores parceiros nos traz uma visão muito próxima das
mudanças em curso e nos qualifica ainda mais para o enfrentamento do que está
por vir.
Nos será em algum momento útil sabermos que no ano passado nova
lei trouxe mudanças importantes para a Previdência Social (Social Security) nos
EUA, em junho de 2023 a OCDE produziu um raio-X com análise profunda do
mercado previdenciário no Mundo, os planos de
Contribuição Definida (CDS)
australianos passam no momento por ajustes e o “fim” dos planos BD holandeses
foi decretado, além de que cresce entre os gestores de sistemas previdenciários
o fascínio e os riscos a serem considerados nos blockchains.
Mas
há um exemplo ainda mais perfeito – e recente – do muito que vale a pena esse
olhar aberto para o Mundo.
Durante muito tempo a Abrapp alimentou com dados
internacionais, demonstrando o êxito alcançado no Mundo, a defesa incansável
que fez por longo tempo em favor da adoção no Brasil do modelo da “inscrição
automática” de novos participantes nos planos, objetivo agora alcançado.
Em
resumo, olhando o Mundo a Abrapp aprimora e muito o que temos para ver também
no Brasil.
EDUARDO LAMERS - superintendente geral da Abrapp