Não é preciso investir em ações
para diversificar os investimentos em busca de melhor retorno
A
queda acentuada da taxa básica de juros forçou, de certa forma, os investidores
a buscar alternativas de investimento mais rentáveis. Muitos fizeram uma mudança
muito abrupta, indo de um extremo, taxa pós-fixada de juros, para o outro
extremo, o mercado de ações.
Saíram de ativos sem nenhuma volatilidade, como o Tesouro Selic, considerado
livre do risco de crédito, para um mercado extremamente volátil, ações, fundos
de ações ou fundos multimercado que investem em ações.
Entre os dois extremos existem alternativas, dentro do segmento da renda fixa,
que permitem uma diversificação interessante.
No mercado de renda fixa, o investidor empresta dinheiro, por um prazo
predeterminado, em troca de rendimentos também predefinidos. Torna-se credor do
emissor do título, sendo o risco de crédito o principal risco da operação.
Os juros são negociados entre as partes, podendo ser pós-fixados, prefixados ou
atrelados a índices de inflação.
A taxa pós-fixada, a mais conservadora delas, acompanha a variação da taxa
básica de juros. O investidor não sabe quanto vai ganhar, em termos absolutos,
mas sabe que ganhará um percentual da taxa de juros, seja ela qual for. Dois
exemplos práticos: o Tesouro Selic paga 100% da Selic, ou seja, 4,25% ao ano, e
a poupança nova paga 70% da Selic, ou seja, 2,97% ao ano, isenta de imposto.
Se a Selic mudar, para cima ou para baixo, a rentabilidade desses investidores
seguirá positiva, pagando a nova taxa a partir da data da alteração. Não existe
chance de perda no caso de venda antecipada dos títulos, por isso são
recomendados para investir a reserva financeira.
A taxa prefixada define, na data da compra, o valor de resgate do investidor na
data do vencimento do título. O Tesouro Prefixado, por exemplo, vencimento
1º/1/2026, valor de resgate R$ 1.000, podia ser comprado em 13/3 por R$ 656,
oferecendo ao investidor taxa de 7,54% ao ano.
O Tesouro Prefixado com juros semestrais, vencimento 2031, pagava taxa de 8,20%
ao ano na mesma data.
É importante lembrar que o que é fixo não é a taxa de juros, mas o valor de
resgate, na data do vencimento. Antes disso, o valor do título flutua e pode
ser maior ou menor do que o valor de aquisição no caso da venda antecipada.
O Tesouro IPCA+ paga a variação do IPCA mais taxa prefixada de juros. Prazos
longos e recomendados a quem procura taxa real de juros, acima da inflação. Os
juros podem ser pagos no vencimento ou semestralmente. Em 13 de março, o Tesouro
IPCA+ Principal com vencimento em 15/5/2035 pagava juros de 4,05% ao ano acima
do IPCA.
Quem investiu há 12 meses ganhou dinheiro. Simulando compra em 13 de março de
2019, com as taxas vigentes na época, a rentabilidade acumulada até 13 março de
2020 foi:
- Tesouro Selic 2021 = 5,54%
- Tesouro Prefixado 2025 = 14,30%
- Tesouro IPCA+ 2035 = 9,03%
Mas nem tudo é alegria. Em 12 meses a rentabilidade foi ótima, bem acima da
Selic, beneficiada pela queda nos juros.
Entretanto, nos últimos 30 dias, em razão dos mesmos fatores que derrubaram a
Bolsa, os juros subiram e a rentabilidade dos prefixados ficou negativa,
prejudicando somente quem vender antecipadamente os ativos.
- Tesouro Selic 2021 = 0,30%
- Tesouro Prefixado 2025 = -5,28%
- Tesouro IPCA+ 2035 = -13,24%
Invista aos poucos, a tempestade ainda não passou e pode piorar antes de
melhorar.
Marcia Dessen -planejadora financeira CFP (“Certified Financial
Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.
Fonte:
coluna jornal FSP