Novas formas de consumo são prévias de um mundo menos acumulador


Economia compartilhada reduz despesas e prepara cidadão para o consumo consciente

Quem imaginava que o comércio virtual fosse o máximo em inovação e quebra de paradigmas continua se surpreendendo. A evolução tecnológica, a crônica crise econômica e a necessidade de atender um consumidor com menos tempo e renda mudaram os negócios para sempre. Vem muito mais mudança por aí. Quem comprar, verá.

No passado, indústrias dos mais variados ramos se orgulhavam de fabricar produtos que duravam longos anos. Às vezes, décadas, com pequenos reparos. Hoje, na lógica dos avanços tecnológicos e de design, a longevidade dos produtos é cada vez menor. 

Nos últimos anos, supermercados passaram a vender itens próximos do vencimento do prazo de validade a preços convidativos. Para quem pretende consumi-los em poucos dias, um grande negócio. Chegamos, mais recentemente, às vendas de produtos fora da caixa, como contou matéria do jornal Agora. No caso, mercadorias devolvidas por compradores on-line, com pequenos defeitos.

Sem problemas, desde que a proximidade do vencimento ou os defeitos sejam claramente informados. Podem atender necessidades específicas, por quem pretenda economizar.

Da mesma forma, a economia compartilhada –com troca de produtos e serviços– evita a acumulação de produtos e reduz despesas. Prepara o cidadão para o consumo consciente, inevitável em função da limitação de recursos da Terra. Não há como os mais de sete bilhões de habitantes do planeta consumirem no mesmo nível dos países mais ricos.

Tal conscientização implica, também, uma visão mais flexível de propriedade de bens. Como já expusemos em outros artigos, nem sempre vale a pena comprar um imóvel ou um automóvel. Itens como berços, carrinhos de bebê, brinquedos, roupas e calçados infantis são usadas por muito pouco tempo. Por que não compartilhá-los?

Essas mudanças exigem, evidentemente, uma nova forma de encarar a vida. Mas não há como fechar os olhos para sua relevância cada vez maior.

 Maria Inês Dolci - advogada especialista em direitos do consumidor, foi coordenadora da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor)

Fonte: coluna jornal FSP

 

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