Luciano trabalha na área de tecnologia da informação e acumulou
boa experiência profissional em grandes empresas, usuárias de tecnologia em
grande escala.
Tecnicamente falando, ele conhece os desafios, as oportunidades
e as especificidades desse mercado. Sonha em abrir sua própria empresa, mas, ao
mesmo tempo, se questiona se faz sentido trocar a segurança de um bom e estável
emprego pela experiência de empreender seu próprio negócio, concor- rer e não
mais colaborar com colegas de trabalho, assumir respon- sabilidades gerenciais
e burocrá- ticas e mergulhar num ambiente competitivo e incerto. Decisão nada
trivial, Luciano.
EMPREGADO
Para um profissional com boas qualificações técnicas e experiência
acumulada, em um segmento extremamente inovador, é pouco provável que falte
trabalho. Perspectiva de carreira ascendente, boa remuneração e muitos
benefícios formam um pacote difícil de largar.
Suas responsabilidades são designadas pelos superiores, alinhadas
com o planejamento estratégico da empresa. Os sócios proprietários da empresa
assumem os riscos e os custos do negócio e reúnem as competências exigidas de
um bom gestor empresarial, muito além do conhecimento técnico da área.
Dedicado exclusivamente à sua função, ele não se preocupa com
atividades burocráticas, gestão de pessoas, controle de custos e orçamentos,
aspectos legais e fiscais e uma série de assuntos gerenciais, conduzidos por
colegas especializados nesses assuntos específicos.
A expectativa de ganhar mais e pagar menos Imposto de Renda o
motivam a pensar seriamente em sair da zona de conforto que cerca a vida de um
empregado e arriscar uma carreira solo.
EMPRESÁRIO
A receita de Luciano pode, de fato, aumentar. Na condição de um
pequeno empresário, sem uma estrutura cara de custo fixo, poderá prestar
serviço com preços mais acessíveis do que os cobrados por empresas maiores,
como a que representa atualmente. E, como sua atuação será na área de prestação
de serviço, não haverá necessidade de capital para bancar a compra de
equipamentos e instalações.
Importante ter um primeiro cliente para viabilizar o sonho de
empreender. E o desafio de Luciano será o de expandir sua carteira de clientes
para evitar o risco de concentrar toda a sua receita em um único cliente.
Saudável que a receita esteja distribuída em, pelo menos, três.
DESPESAS
O imposto sobre a renda de Luciano deve, de fato, diminuir. Se
abrir uma empresa e emitir nota fiscal para cobrar os serviços prestados, deve
reduzir a atual alíquota de 27,5% em, pelo menos, dez pontos percentuais.
O que vai definir a carga tributária final vai depender do tipo
de empresa, do município onde será aberta e do nível de faturamento. Ele
precisa de um bom contador para orientá-lo no processo de abertura e manutenção
da empresa.
Os honorários do contador serão apenas uma das muitas despesas
que Luciano terá de pagar se tomar a decisão de empreender. Além do Imposto de
Renda, outros tributos são devidos, conforme a natureza do serviço e o tipo da
empresa. Importante, na fase inicial, evitar custo fixo com aluguel e
funcionários. Primeiro focar receita, receita, receita, para depois pensar em
despesas; caso contrário, o projeto de Luciano pode não vingar.
BENEFÍCIOS
Luciano perderá todos os benefícios oferecidos pela empresa em
que trabalha: férias, décimo terceiro salário, plano de saúde, vale-transporte,
vale-refeição, seguro de vida, plano de previdência.
Alguns serão mantidos necessariamente e passarão a fazer parte
de seu orçamento pessoal. O 13º deixa de existir; férias, um luxo, de que
empreendedor em fase inicial de projeto raramente desfruta.
Planejamento constante, con- trole obsessivo de custos, busca
incessante por novos clientes e muito trabalho esperam por Luciano, se ele
optar pela carreira solo. Ser dono do seu próprio negócio é desafiador, mas pode
ser muito gratificante.
Marcia Dessen - sócia do BMI (Brazilian
Management Institute), diretora do IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação
de Profissionais Financeiros) e autora do livro "Finanças Pessoais: o que
fazer com meu dinheiro" (Trevisan Editora, 2014).
Fonte: blog.bmibrasil.com.br/financaspessoais