Gastar o dinheiro do futuro hoje? Péssima ideia
Recentemente, o
presidente Lula fez um discurso que apontava para um pequeno déficit primário
no orçamento do governo federal em 2024, contrariando suas promessas anteriores
de equilíbrio.
Mesmo que o
tamanho do déficit não preocupasse, a quebra de promessa, preocupou, sim. Ela
se assemelhava ao caso de um ex-alcoólatra, que prometeu não beber, mas pouco
depois, diz é só um pouquinho’.
Infelizmente, o
histórico brasileiro de déficits públicos prejudica nossa credibilidade.
Gastar
mais do que se ganha sempre aumenta o endividamento de quem faz isso, seja no
caso do setor público, de uma família ou de uma empresa.
No caso de um país, isso afasta potenciais investidores, reduzindo a geração de
empregos.
A mera sinalização de que isso poderia acontecer já causou,
inicialmente, uma alta do dólar, uma queda da Bolsa e uma alta nas taxas de
juros praticadas pelo mercado.
Se mantidas essas tendências, acabaríamos com
mais inflação e menos empregos e crescimento econômico.
Felizmente, a
partir da reação dos mercados, o governo voltou atrás na ideia de abandonar a
meta de equilíbrio fiscal. Em resposta, o dólar e as taxas de juros caíram e a
Bolsa subiu.
Se, de fato,
tivéssemos um déficit primário em 2024, o aumento do endividamento público que
ele causaria reduziria também a disponibilidade de crédito para o setor
privado, já que uma parte da disponibilidade do crédito no país seria
redirecionada para financiar o governo.
Isso prejudicaria a economia.
No longo prazo, um
descontrole permanente das contas públicas pode gerar problemas ainda mais
graves, como aconteceu na Argentina e na Venezuela.
Cuidar do
orçamento é o único caminho para garantir, de forma permanente, recursos para
áreas fundamentais, como educação, saúde e segurança.
Cuidar das contas
públicas significa garantir recursos não só para o presente, mas também para o
futuro.
Negligenciar as contas públicas, gastando mais do que arrecadamos,
endividando o país, é uma forma de usar o dinheiro do futuro no presente.
No
futuro, vai faltar. Qualquer semelhança com a história da formiga e da cigarra
não é mera coincidência.
Ricardo Amorim - presidente da Ricam Consultoria e cofundador
da Smartrips.co e
da AAA Plataforma
de Inovação.