Planeje antes
de usar crédito
Endividar-se é utilizar dinheiro emprestado para comprar agora e pagar
mais tarde.
É praticamente impossível passarmos a vida toda sem dívidas.
A maioria de nós não pode
comprar à vista uma casa ou um carro, por exemplo.
Entretanto, dívida não
planejada provoca estragos em qualquer orçamento e pode elevar os gastos fixos a níveis
insustentáveis.
Uma boa gestão de dívidas, utilizar o crédito de
forma inteligente, contribui para melhorar o padrão de vida, solucionar emergências
financeiras e manter o custo das operações de crédito em níveis razoáveis.
Entretanto, muitas pessoas têm conceitos equivocados sobre crédito e acabam se
prejudicando em vez de usá-lo em benefício próprio. Vamos revisar conceitos e
crenças.
O crédito nos permite dispor de dinheiro extra. Erra quem acredita que a
afirmativa é verdadeira. Crédito não é dinheiro extra.
O dinheiro emprestado simplesmente
nos permite gastar hoje o salário de amanhã, o que nos deixa com menos dinheiro
para o futuro.
Com crédito podemos comprar bens que não poderíamos e melhorar nosso
padrão de vida. Cuidado!
Comprar algo que está fora do nosso alcance prejudica
o orçamento e diminui nosso padrão de vida, seja qual for a forma de pagamento.
Tudo o que compramos com crédito custa mais caro.
Em caso de necessidade, se faltar dinheiro para pagar coisas
imprescindíveis, sempre poderemos utilizar empréstimos.
Outra crença perigosa.
A possibilidade de um banco ou outra instituição financeira lhe conceder
crédito depende de suas informações pessoais e de seu histórico de crédito.
Todas as entidades têm acesso ao nosso histórico de crédito, detalhes de
empréstimos, atuais e anteriores, e se deixamos de pagar empréstimos e outras
faturas.
Quem tem um histórico de crédito ruim não terá acesso a boas condições
de crédito.
É possível que os únicos dispostos a correr o risco sejam entidades
duvidosas que cobram taxas e juros abusivos. Não são soluções
recomendáveis, muitos perderam imóveis e bens por terem recorrido a
alternativas extremas.
Uma instituição financeira sabe até que nível podemos nos endividar,
sendo assim, se nos empresta mais dinheiro do que podemos pagar, assume a
responsabilidade.
Errado, a responsabilidade principal é sempre nossa. Muitas vezes somos
bombardeados com facilidades para comprar agora e pagar depois.
É nossa
responsabilidade saber quando convém utilizar crédito e quanto podemos pagar de
juros e outros custos.
Se acontecer alguma coisa que nos impeça de quitar os empréstimos,
sempre será possível renegociar as condições, trocar o tipo e o montante de
juros e alongar os prazos de pagamento.
Cuidado, não é bem assim.
Uma operação de crédito não é um jogo em que podemos entrar e sair
segundo nos convenha.
Quando parcelamos uma compra ou aceitamos um empréstimo,
firmamos um contrato segundo o qual nos comprometemos formalmente a devolver
todo o dinheiro, mais juros e outras despesas, nas condições especificadas.
Em
certas situações, é possível renegociar, entretanto, normalmente haverá sérias
consequências se não cumprirmos o contratado.
Comprar a crédito é o mesmo que comprar à vista, adiando o desembolso do
dinheiro. Não, não é a mesma coisa.
Quando uma instituição financeira nos
concede crédito, está prestando um serviço que não é de graça. Esse é um
serviço pelo qual pagamos, além do custo original do produto.
Dependendo da
percentagem de juros e prazo de pagamento, o custo do crédito pode ser igual, ou
superior, ao preço do produto que compramos.
Em outras palavras, compramos um produto e pagamos o dobro ou o triplo
por ele.
MARCIA DESSEN - planejadora
financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O
Que Fazer com Meu Dinheiro”.
Fonte: coluna jornal FSP