Habilidade para matemática pode estar ligada a dois
neurotransmissores, sugere estudo
Para
cientista, resultados podem ajudar a criar intervenções no cérebro para
melhorar habilidade.
Cientistas da Universidade de Oxford demonstraram
que as quantidades de dois neurotransmissores no cérebro podem estar
relacionadas a uma maior ou menor habilidade para resolver problemas
matemáticos.
Os pesquisadores sabiam que o glutamato e outro
neurotransmissor chamado Gaba estão ligados ao aprendizado; mas, ao medir os
níveis dessas substâncias no cérebro de 255 pessoas —de crianças de seis anos
até jovens em idade universitária— e confrontar os resultados com testes de
matemática, os cientistas descobriram que os neurotransmissores têm papéis
complementares para promover a habilidade com os números.
No experimento, as maiores quantidades do neurotransmissor Gaba no cérebro dos mais
jovens foram relacionadas à maior habilidade matemática, enquanto menores
porções de glutamato indicavam o maior sucesso com os números.
Nos jovens adultos, os resultados foram inversos
–quanto mais glutamato e menos Gaba, melhores os resultados na hora de fazer
cálculos. Ou seja, o papel dos neurotransmissores muda com o tempo.
A medição foi feita com exames de ressonância
magnética.
Os testes para avaliar a habilidade matemática contaram com provas
de operações matemáticas e de lógica, entre outras.
O estudo ajuda a entender um pouco mais o papel das
substâncias na aquisição de um tipo de conhecimento tão complexo –e necessário.
“Enquanto algumas pessoas consideram a matemática intuitiva e têm sucesso nesse
tópico, é estimado que uma em cada cinco pessoas tem dificuldades com essa
área”, escrevem os cientistas no artigo que trouxe os resultados, publicado em 22 de julho
na revista científica Plos Biology.
“Êxito em matemática está associado ao bem-estar de
toda a sociedade, incluindo o progresso educacional, a situação socioeconômica,
emprego, salário, saúde física e mental e dificuldades financeiras.
Assim, o
sucesso nesta área é a base para uma sociedade próspera e uma importante
ferramenta de mobilidade social”, completam os autores.
Segundo Roi Cohen Kadosh, professor de neurociência
cognitiva na Universidade de Oxford e coordenador do estudo, os resultados pode
ajudar a desenvolver intervenções diretamente no cérebro para melhorar a
capacidade de fazer contas.
Mas, até lá, o jeito é virar amigo dos números
estudando do jeito antigo —fazendo muito cálculo.
Everton
Lopes Batista- JORNAL FSP