O que o prêmio Nobel, Thaler, e outros pesquisadores nos ensinam sobre como ganhar dinheiro com açõe


O prêmio Nobel Richard Thaler, em conjunto com Werner De Bondt, realizou uma pesquisa em 1985 e 1987 encontrando um interessante viés comportamental do mercado que pode produzir ganhos para os investidores. Segundo os autores, esse comportamento seria observado apenas em horizontes de médio a longo prazo. No curto prazo, o trabalho é complementado pela pesquisa de dois outros autores que também encontraram uma estratégia em ações capaz de produzir ganhos. Abaixo descrevo essas duas estratégias e apresento os resultados da dissertação de mestrado de Thiago Alves para o mercado brasileiro.

Estratégia para o médio prazo
De Bondt e Thaler argumentam que o mercado tende a sobre reagir às notícias do mercado. Isso ocorreria porque os investidores tendem a dar maior probabilidade de recorrência às notícias recentes. Assim, quando são divulgados fatos positivos para uma empresa, os investidores acabam por extrapolar o benefício por mais tempo que o devido. Ao mesmo tempo, notícias negativas recentes também são ponderadas por mais tempo nas avaliações.

Esse comportamento provoca um efeito de pressão nos preços das ações para cima ou para baixo, conforme o humor das notícias recentes, e acabam provocando uma sobre reação nos preços das ações.

Para comprovar a validade de sua teoria, os autores testaram em ações americanas no período de 1926 a 1982. Os autores mostraram que a estratégia de comprar as ações perdedoras dos últimos três a cinco anos e vender as ações ganhadoras dos últimos três a cinco anos, se mostra vencedora nos três a cinco anos posteriores.

Essa estratégia considera que o otimismo ou pessimismo exagerado dos investidores no médio prazo (três a cinco anos) seria revertido nos anos seguintes. Portanto, a estratégia de seguir o contrário do mercado funcionaria no médio a longo prazo.

Estratégia para o curto prazo
Em períodos de três a doze meses, a estratégia vencedora seria  aproveitar o momento das ações, ou seja, comprar as vencedoras de curto prazo e vender as perdedoras recentes. Essa estratégia foi apresentada em 1993 pelos autores Jegadeesh e Titman que testaram com ações americanas no período de 1965 a 1989.

Segundo os autores a estratégia ótima seria comprar as ações ganhadoras dos últimos seis meses e vender as ações perdedoras dos últimos seis meses. Esse portfólio produziria esperados retornos positivos nos seis meses seguintes.

Resultados no Brasil
Thiago Alves estudou a estratégia de momento no Brasil em sua dissertação de mestrado. A defesa dessa dissertação ocorreu na última sexta-feira e fiz parte da banca examinadora junto com os professores Marco Lyrio do Insper e André Banks da gestora de recursos americana Franklin Templeton.

 

Apesar de popularmente empregada por investidores, Alves não encontrou evidências significativas da validade da estratégia momento. Ele testou a estratégia no mercado brasileiro no período de 1995 a 2017. Pesquisadores brasileiros que também encontraram o mesmo resultado argumentam que as descontinuidades provocadas pelas crises prejudicam a análise

Ambas as estratégias acima continuam sendo extensamente estudadas e testadas em todos os mercados pelo mundo. Entretanto, os resultados encontrados para ambas ainda não são uma unanimidade. Logo, ressalta-se que são estratégias de risco e que podem não produzir o resultado desejado.

Fonte: Michael Viriato, newsletter Folha

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