Pra quem acha que o Brasil é - e sempre será - um país jovem,
tenho uma notícia intrigante: o envelhecimento da população brasileira ocorre a
taxas aceleradas projetando mais de 25 milhões de indivíduos com mais de 60
anos na próxima década. Isso quer dizer que, se tudo se manter como está, em
2050, um em cada três brasileiros será idoso.
Agora, pra quem acha que o Brasil é um país com um potencial
imenso, tenho uma notícia reveladora: o segmento sênior é capaz de transformar
a sociedade como conhecemos.
Seus membros chegam à fase da velhice com diferenças importantes
e cruciais em relação aos seus antecessores. Este idoso pensa e age de um modo
bem diferente do que mostram os superados estereótipos da publicidade. Eles são
mais informados, instruídos e ativos na defesa de seus direitos. Têm
curiosidade e são atraídos pela inovação, estão abertos à mudança e não são tão
fiéis a marcas como se pregava.
Esta geração que chega é a mesma que nos anos 60 lutou pela
igualdade feminina e nos anos 70, foi protagonista da revolução sexual. Nos
anos 80, derrubou a ditadura, viu a ascensão da internet e acompanhou toda
revolução tecnológica, do nascimento do rádio valvulado até o surgimento
dos wearables.
Apesar deste cenário, empresários tem sido lentos em reconhecer
as necessidades desse segmento e as oportunidades sobretudo em setores como
saúde, turismo, lazer, entretenimento e varejo. 45% dos idosos sentem
dificuldades para encontrar produtos e serviços adequados à sua idade. Questões
como ergonomia, embalagem, leitura e clareza da mensagem são, infelizmente,
direcionadas para atender apenas à faixa 18-24.
Talvez isso aconteça porque nós não estávamos preparados para a
longevidade. Não estávamos programados para durar tanto como Jeanne Louise
Calment, considerada a pessoa que mais tempo viveu no mundo, com 122 anos e 164
dias de vida.
Mas o que era digno do Guinnes Book vai ser banal em pouco
tempo: pesquisas apontam que bebês nascidos hoje têm o potencial de
alcançar os mesmos 120 anos de Jeanne. Agora, faça a conta. Se hoje nos
tornamos idosos aos 60 anos e podemos chegar aos 120, imagine o que podemos
fazer nestes “novos 60 anos” a que temos direito.
Enfim, se há muito pouco tempo, uma pessoa nesta fase da vida se
preparava para os seus últimos dias, hoje, ela faz planos para o futuro.
E sua empresa, está nos planos deste idoso no futuro?
Alessandro Jacoby - co-founder SeniorLa