Rua 25 de Março, em São Paulo;
consumidor deve ter cuidado com cartão de crédito e saldo bancário
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A recuperação da economia brasileira está tendo
como efeito colateral indireto o aumento dos casos de golpes contra
consumidores.
Indicador do birô de crédito Serasa Experian
computou 950.632 tentativas de fraude contra pessoas físicas no primeiro
semestre, ou uma a cada 16,5 segundos.
É um crescimento de 7,5% em relação ao mesmo
período do ano passado, quando foram registradas 884.105 tentativas, ou uma a
cada 18 segundos.
Carolina Aragão, gerente do SerasaConsumidor,
afirma que o aumento acompanha a maior demanda de crédito do consumidor.
"Esses golpes aumentam conforme crescem as
transações em lojas e o consumo em si, porque é quando o consumidor usa seus
dados. É aí que o criminoso encontra brecha para se apropriar de informações e
cometer a fraude", afirmou.
No primeiro semestre, a demanda do consumidor por
crédito cresceu 2,1% em relação ao mesmo intervalo de 2016 -em julho, a alta
foi de 11,4% ante igual mês do ano passado. A expectativa é que continue
aumentando, acompanhando a consolidação da retomada econômica, e os fraudadores
devem tentar se aproveitar desse movimento, avalia Aragão.
GOLPES EM ALTA
- Telefonia = 366.188
- Serviços = 285.830
- Bancos/Financeiras = 226.280
- Varejo = 57.451
- Demais = 14.883
NOME SUJO
A enfermeira Josiane Roberta de Menezes, 32, não
deu a sorte de ficar só na estatística das tentativas. No caso dela, o golpe se
materializou.
Em maio deste ano, Josiane tentou fazer o cartão de
crédito de uma loja esportiva, mas não conseguiu. "Achei que era política
da empresa, porque continuava recebendo outras propostas de cartões do meu
banco."
Um dia, por curiosidade, a enfermeira decidiu saber
qual era sua pontuação de crédito, ao ver um anúncio de serviço oferecido pela
Serasa. Achou baixa. Ao investigar o motivo, descobriu uma dívida de R$ 276 em
aberto com uma empresa de telefonia -que tinha incluído seu nome no cadastro de
inadimplentes em setembro de 2016 pela falta de pagamento.
Depois de algumas ligações para tentar resolver o
problema, Josiane ficou sabendo que a conta não paga era referente a uma linha
telefônica no Ceará -apesar de ela nunca ter ido ao Estado ou conhecer alguém
lá.
"Eles não explicam como isso aconteceu. E eu
queria dar entrada em um carro, mas o fato de meu nome ter sido negativado fez
com que as taxas do financiamento subissem. Ficou bem mais caro", afirmou
a enfermeira.
SETORES
A telefonia é justamente o segmento líder de
tentativas de fraudes, mostra o indicador da Serasa. Foram 366.188 no primeiro
semestre, o que representa 38,5% do total.
"Historicamente, observamos que a telefonia é
a grande porta de entrada do fraudador, porque gera um comprovante de
residência. A partir daí, ele junta com outros dados e comete fraudes maiores,
como abrir uma conta bancária ou conseguir um empréstimo", diz Carolina
Aragão, do Serasa Consumidor.
Serviços aparecem em segundo lugar, com 30,1%.
Bancos e financeiras respondem por 23,8% das tentativas, mas foi nesse segmento
que houve o maior salto na comparação semestral: 31,2%.
Segundo a Serasa, as principais tentativas de
fraude são compra de celulares com documentos falsos, emissões de cartões de
crédito, financiamento de eletrônicos e abertura de contas-correntes.
Mas há casos também em que os dados são usados para
comprar bens maiores, como carros, ou até mesmo para abrir empresas.
COMO EVITAR SER VÍTIMA DE GOLPISTAS
Para evitar ser vítima de fraudadores, o consumidor
não deve fornecer seus dados a estranhos. Outra dica é, em lojas, não deixar
que os atendentes levem o cartão para longe. Também não insira sua senha se
houver desconhecidos por perto.
O consumidor precisa acompanhar o extrato bancário
e acionar o banco se desconfiar de transação. Se perder um documento, a
recomendação é fazer boletim de ocorrência.
Em compras virtuais, atenção ao site: uma forma
fácil de evitar golpes é checar se, na barra do navegador, o endereço começa
com https.
Vale também atualizar sempre o antivírus no
computador e não fazer operações que exijam senha em computadores públicos.
Danielle Brandt – jornalista da FSP