Estudos
já demonstraram que uma pessoa querida segurando sua mão diminui a sensação de
dor
Monitorar a atividade de um cérebro só já é coisa do
passado. Um estudo de pesquisadores do Instituto Pasteur, na França, e da
Universidade de Haifa, em Israel, registrou as ondas elétricas no cérebro de
duas pessoas ao mesmo tempo --e descobriu que quando elas se dão as mãos, seus
cérebros se sincronizam.
Interessados em entender como ter uma pessoa querida
segurando a mão em momentos de dor é um ótimo analgésico, a equipe acompanhou a
atividade cerebral em casais que se davam aos mãos ou não, enquanto a mulher em
cada dupla recebia toques de uma vareta quente o suficiente para causar dor,
mas não para ferir.
Por que mulheres? Porque o efeito analgésico de alguém
segurando a mão é maior sobre elas. Por quê? É uma pergunta para outra ocasião.
A pergunta da vez era se a analgesia do toque social
seria devido à sincronização entre cérebros, ou talvez o que ela representa:
ser compreendido.
Outros estudos já mostraram que a sensação de receber
compreensão ativa o sistema de recompensa, que traz prazer; que ser tocado
promove sincronização de ondas cerebrais entre participantes; que ter alguém
segurando sua mão diminui a sensação de dor; e que a experiência de
sincronização cerebral e fisiológica é prazerosa.
O estudo, então, colocou tudo junto na forma de casais
de mãos dadas ou não, enquanto a mulher recebia e avaliava a sensação de dor
causada pela vareta quente.
Resultado: sincronização das ondas elétricas entre os
dois parceiros é muito maior quando há dor e mãos dadas, e quanto mais
sincronizados os cérebros dos parceiros, maior é a empatia dele pela dor dela
--e menor é sua sensação de dor.
"Coisa
que a gente já sabia" (tirando a parte dos eletrodos), dirão alguns. Coisa
que a gente agora sabe que é de verdade e não só "impressão", digo
eu.
Suzana
Herculano-Houzel - bióloga e neurocientista da
Universidade Vanderbilt (EUA)
Fonte:
coluna jornal FSP